A denúncia consta das conclusões das Jornadas de Actualização do clero das três dioceses que ontem terminou. A iniciativa, que contou com a presença dos respectivos bispos, decorreu desde o dia 25 de Janeiro, em Montemor-o-Novo.
Os 70 presbíteros e 10 diáconos que participaram no encontro, dos quais 21sacerdotes eram oriundos da Igreja algarvia, estão convictos de que a complementaridade “é um enriquecimento para a vida da Igreja” e que a criatividade pastoral “pode brotar desta diferença e ser um sinal do dinamismo”.
O texto enviado à Agência Ecclesia sintetiza os aspectos essenciais da missão do padre.
“Num mundo marcado pelo neo-iluminismo racionalista e relativista”, o centro da missão dos sacerdotes “continua a ser o anúncio e o testemunho do amor de Jesus Cristo”.
Os presbíteros, “possuídos de uma imensa misericórdia”, devem saber “construir a comunhão” com os fiéis, começando pela relação com o bispo e os outros padres. “Os leigos – refere o documento – esperam que o sacerdote seja testemunho do amor de Cristo, homem culto, ao mesmo tempo compreensivo no meio das dúvidas e corajoso nas adversidades.”
O clero que participou nas jornadas reconhece que a sociedade contemporânea atravessa uma “mudança cultural”. E num tempo em que se constata a diminuição do número de padres, a pastoral vocacional, “tarefa de toda a Igreja”, “depende muito do testemunho e do acompanhamento espiritual prestado pelo sacerdote”.
No arranque das Jornadas de Actualização do Clero da Província Eclesiástica do Sul, que decorreu entre 25 a 28 de Janeiro, em Montemor-o-Novo, Marcelo Rebelo de Sousa, no decurso das suas duas comunicações de conteúdo sociológico, afirmou, sem rodeios, que os partidos políticos portugueses estão velhos e gastos.
O orador desdobrou-se numa análise sucinta às mutações profundas no mundo hodierno, partindo do acontecimento exemplar da queda do Muro de Berlim. Passando por uma leitura do mundo bipolar de então, ao unipolar de hoje, com as economias emergentes à perna, a crise acentuada de ideologias e valores, globalização, correio electrónico, diálogo intergeracional, dificuldades acrescidas na gestão da informação, gurus mediáticos e tantos outros desafios da modernidade circunstante, o conhecido político referiu-se à crescente dificuldade em ser-se sacerdote nos tempos que correm.
No tocante às rápidas e profundas transformações da sociedade portuguesa, desde a década de 60, Rebelo de Sousa, apontou uma série de desafios em cena no tecido social, económico, político, religioso. Referiu-se a estes tempos de pesada evolução cultural, do papel nuclear da Igreja, apesar de tudo, em todo o emaranhado da sociedade portuguesa que carece de um estremeção espiritual urgente.
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