De 5 a 12 deste mês, a Comunidade de Taizé, em França, promoveu uma semana de reflexão sobre a atualidade da vocação religiosa, na qual participou uma religiosa das Filhas do Coração de Maria, a trabalhar no Algarve de há algum tempo a esta parte.
Este encontro internacional para jovens até aos 40 anos, que escolheram a vida monástica ou vida apostólica, realizou-se no âmbito das celebrações do centenário do nascimento do irmão Roger, fundador daquela comunidade ecuménica, neste Ano da Vida Consagrada, e contou com a participação de congregações religiosas da Igreja Católica e de outras denominações cristãs como as Igrejas Ortodoxa Russa, Egípcia, Copta, Anglicana ou Luterana.
A consagrada, única participante do Algarve, integrou o grupo de cerca de 11 religiosos oriundos de Portugal, tendo sido também a única representante da sua congregação, missão que desempenhou a convite da sua superiora provincial. No total, o encontro contou com mais de 300 religiosos, representantes de mais de 30 países.
“Foi uma semana intensa de partilhas sobre os diferentes carismas, o caminho que têm feito, o cruzamento com Taizé, num espírito de reconciliação”, explicou ao Folha do Domingo a religiosa.
“Foi um encontro de uma riqueza enorme pela diversidade e pela centralidade de todos na pessoa de Cristo. Percebemos que o mais importante é comum”, prosseguiu a participante, apontando ao essencial. “A participação neste encontro foi das graças mais bonitas que recebi na minha história de vida cristã, pela diversidade de carismas e por nos reconhecermos entre irmãos, nunca antes encontrados. Foram caindo barreiras que nos separam pelo que têm de mais exterior e que não são o essencial. Acho que tudo o que nos separa, se puder ir caindo para construirmos uma comunidade mais unida, mais universal, responderemos sem dúvida ao sonho de Jesus”, sustentou, acrescentando que “o espírito de Taizé é a construção desta unidade em Cristo, na simplicidade de vida.”
“Este encontro, celebrando a vida do frei Roger com tantos carismas cristãos, foi um sinal visível de que é possível a unidade na diversidade. Ninguém tem de deixar os seus carismas, as suas formas de ser e de estar no mundo. Temos de tomar consciência do que nos une, mais do que o que nos separa”, complementou a consagrada.
Para além da missa diária às 7.30h, das conferências apresentadas pelos superiores maiores das várias congregações e pelos responsáveis das diversas Igrejas e dos tempos de partilha em pequenos grupos, o encontro incluiu a participação nos três momentos de oração diária com os jovens e as famílias presentes. As refeições também eram feitas em comum.
A participante algarvia conhece Taizé desde 1997, tendo participado no Encontro Europeu de Lisboa, em 2004. “Aprecio muito a vida dos irmãos de Taizé e acho que é um sinal muito significativo para os dias de hoje de que a unidade e a reconciliação são uma realidade possível, se quisermos e se formos dóceis ao Espírito [Santo] porque é ele que gera a unidade”, referiu.