O Conselho Presbiteral da Diocese do Algarve refletiu sobre o projeto da “nova organização paroquial em chave missionária” e sugeriu que se evite “antecipá-lo” e que se use da “devida calma na sua implementação, evitando queimar etapas”, tendo em conta que “a reforma das estruturas prevê uma conversão pessoal”.

A “nova organização da pastoral paroquial em chave missionária” tinha sido anunciada pela diocese em julho do ano passado como uma proposta que “incide numa nova organização territorial/paroquial”, “não pelo território em si mesmo, mas tendo presente a nova realidade das comunidades cristãs, as suas proximidades eclesiais, sociológicas e territoriais, a promoção de um dinamismo a partir dos leigos dessas comunidades e numa nova perspetiva do exercício do ministério ordenado, particularmente o presbiteral”.

O projeto de reorganização da estrutura pastoral territorial da diocese sugeriu que passasse a estar organizada em três grandes regiões pastorais — Região Pastoral do Barlavento, Região Pastoral do Centro e Região Pastoral do Sotavento —, cada uma com um coordenador pastoral, um sacerdote nomeado pelo bispo diocesano, designado como vigário episcopal regional, “de modo a permitir não só um trabalho pastoral conjunto, como a coordenação e partilha de recursos evangelizadores (pessoas, formação, meios, etc.) nos diferentes Centros Evangelizadores” que existirão dentro de cada região, “compostos por comunidades paroquiais mais próximas e entre as quais haja uma ligação sociológica, com a finalidade de potenciar um caminho pastoral sinodal entre elas”.

O Conselho Presbiteral, que reuniu no passado dia 3 deste mês no Seminário de São José, em Faro, considera em memorando enviado ao Folha do Domingo que “os padres estão motivados e a partilhar” e acrescentou que “a nova organização paroquial tem aumentado as ações conjuntas”, tais como atividades catequéticas, celebrações litúrgicas e formação de leitores.

Aquele órgão consultivo considera que a “fragilidade do projeto reside na falta duma reflexão comunitária/laical mais alargada”. “Importa implementá-la, contando, sobretudo com os Conselhos paroquiais ou grupos de reflexão laical, a fim de o entenderem bem e ajudarem na sensibilização das respectivas Comunidades. Embora a partilha pastoral esteja a ser fonte de enriquecimento mútuo, necessita também de ser alargada; em sintonia, aliás, com o Conselho Pastoral Diocesano”, acrescenta.

Tendo abordado também o “envolvimento pastoral” das paróquias da diocese na preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deste ano em Lisboa, o Conselho Presbiteral considera ser necessário um “investimento” em “pessoas concretas” para levarem a cabo a “nobre missão” de acompanhar os jovens. “Neste sentido, nalgumas regiões tem-se apostado na formação de animadores juvenis, noutras, têm sido a Pastoral Familiar e as Autarquias a criar condições para acolher, condignamente, quem vier de fora e, também, a preparar toda a complexa logística que envolve um evento desta magnitude”, constata o Conselho Presbiteral.

Aquele órgão alerta ainda que a experiência vivida em Espanha, após a JMJ de 2011 em Madrid, mostra que o período pós-Jornadas é “algo fundamental”. “O movimento gerado constitui uma oportunidade única no sentido de se repensar a Pastoral Juvenil e uma excelente oportunidade de crescimento na identidade cristã” em Portugal. Neste sentido, o bispo do Algarve, que presidiu à sessão, “manifestou o seu apreço pelo empenho manifestado por todos” na JMJ e a convicção de que o encontro contribuirá “significativamente para o rejuvenescimento das Comunidades e o crescimento do espírito missionário da Diocese”.

O Conselho deteve-se ainda na “viabilidade da Casa de Retiros e do Centro Pastoral de Ferragudo” e analisou a esse propósito algumas possibilidades futuras em ordem à sua sustentabilidade, apresentadas pela comissão criada para o efeito. Os conselheiros foram ainda informados sobre a situação financeira do Instituto de Sustentação do Clero, sugeriram a opção entre dois pedidos de ajuda propostos como beneficiários da renúncia quaresmal deste ano, propuseram nova formação para ministros extraordinários das exéquias a cargo do Secretariado Diocesano de Liturgia e, sobre a sustentabilidade das paróquias, concluíram “ser necessário ter bem presente a futura organização paroquial, a fim de se poder rentabilizar o património” e sugeriram que seja criada uma comissão coordenada pelo padre Pedro Manuel, moderador do Secretariado Permanente do Conselho, para estudar o assunto dos centros sociais. Para além deste sacerdote, o Secretariado Permanente é ainda composto pelo padre Luís Gonzaga, como secretário, e pelo cónego Rui Barros Guerreiro e pelo padre Nelson Rodrigues, como vogais.

O Conselho Presbiteral, segundo o Código de Direito Canónico, é uma espécie de senado do bispo que representa o presbitério, com a missão de auxiliar no governo da diocese. O organismo é constituído por membros “natos”, como o vigário-geral e outros vigários para diversas áreas pastorais; membros eleitos das vigararias (conjuntos de paróquias); e membros nomeados pelo bispo.