O deputado comunista João Oliveira exigiu ontem uma “resposta política” por parte do Governo, acusando o executivo da maioria PSD/CDS-PP de desconsiderar milhares de famílias que vivem do mar, após uma visita à Ria Formosa.
Em causa está um despacho do presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Jorge Miguel Miranda, que reclassificou há 10 dias diversas áreas de produção e apanha de marisco – de “A” (permite consumo humano direto) ou “B” (implica depuração) para “B” e “C” (obriga a transformação em fábrica) -, alegadamente por falta de meios humanos e financeiros para realizar a monitorização bacteriológica das várias zonas, facto que limita a atividade de mariscadores e viveiristas.
“Um Governo que todos os dias enche os discursos com as economias do mar e a importância do mar e necessidade de o valorizar… Confirmamos, com estes relatos, que temos a situação exatamente inversa, ou seja, um Governo que está a estrangular o aproveitamento que pode ser feito do mar e as vidas daqueles que vivem do mar e a pôr em causa o aproveitamento de um potencial de riqueza e desenvolvimento do país”, afirmou o líder parlamentar do PCP.
Os membros da bancada comunista no Parlamento encontram-se no Algarve para umas jornadas parlamentares. Uma comitiva do PCP deu ontem uma volta no caíque Bom Sucesso, uma típica embarcação olhanense, pelas diversas ilhas-barreira entre Faro e Olhão – uma das zonas de Portugal mais ricas em bivalves.
“De uma forma ou de outra, o que é preciso é que haja uma resposta política”, declarou João Oliveira, depois de trocar impressões com representantes dos produtores e coletores de moluscos.
Para o deputado comunista o “problema” tem origem nas “opções de fundo de uma situação de degradação das condições de exercício da atividade, por falta de investimento e um conjunto de operações que deviam ter sido feitas”.
“A última dragagem foi feita há 13 anos. É incompreensível a desconsideração das instituições públicas, da tutela, em relação aos mariscadores, a falta de resposta e a rotura de compromisso por parte do Governo”, criticou.