
O bispo de Luena, capital da província do Moxico, Angola, uma das duas dioceses destinatárias da renúncia quaresmal deste ano da Igreja algarvia, está preocupado com destruição da fauna e da flora e com a taxa de analfabetismo.
D. Jesús Tirso Blanco, em visita pastoral às localidades mais recônditas da maior província angolana (com uma área de 223.023 km², ocupando 16% da extensão territorial nacional), manifestou-se ainda preocupado com a dependência do carvão como meio de subsistência “porque provoca desmatação também”.
O prelado lamenta a “desmatação de espécies mais raras sem reposição nem benefício para a população local”, considerando ser “um mal muito grande” para o território e aponta como “alternativas” como a horticultura e a fruticultura que considera mais rentáveis e causarem “menos prejuízo ao ambiente”.
Os municípios dos Bundas, Alto-Zambeze e Moxico (sede) constam na lista das localidades onde se registam maiores incidências de ações de abate indiscriminado de animais e da destruição da flora e fauna.
D. Jesús Tirso manifestou-se igualmente preocupado com a taxa de analfabetismo nestas localidades e elogiou, por outro lado, o trabalho desenvolvido pelos catequistas. “O empenho destes catequistas merece grande elogio porque os padres que estão aqui connosco são os do Seminário São João Maria Vianney e a primeira ocupação deles não é a paróquia, mas sim o Seminário”, refere o bispo da Diocese de Luena.
O bispo do Algarve anunciou na sua mensagem para a presente quaresma que a renúncia deste ano destinar-se-á a “atender um pedido chegado dos missionários dehonianos em Angola”, presentes nas dioceses de Viana e Luena, para “apoiar obras ligadas à educação e ao âmbito social”. “Exorto-vos a que sejais generosos na contribuição para esta partilha fraterna, como expressão da nossa comunhão eclesial com estas duas Igrejas missionárias”, pediu o bispo diocesano.
Na Quarta-feira de Cinzas, D. Manuel Quintas já se tinha referido às dificuldades que as duas dioceses angolanas enfrentam. “Quando falamos em dioceses de África, nomeadamente em Angola, precisamos de mudar um bocadinho a perspetiva. A Diocese de Luena é duas vezes e meia maior que Portugal e tem 223 mil quilómetros quadrados de superfície. Os habitantes não chegam a um milhão, mas as enormes distâncias que têm de percorrer os missionários dá-nos já uma ideia de quantas necessidades surgem e é preciso colmatar”, afirmou.
com Vatican News