O bispo do Algarve explicou ontem, na cerimónia de assinatura do protocolo e do acordo específico de colaboração entre a diocese, a paróquia de Vila do Bispo e a Câmara Municipal que os mesmos visam a salvaguarda e a correponsabilidade pelo património religioso.
“Estes acordos permitem que a própria comunidade e outros que, porventura por aqui passem, possam conhecer e desfrutar deste património”, afirmou D. Manuel Quintas, explicando que “não se trata de a paróquia entregar ao município aquilo que o município pede”. “Não se trata de perder a propriedade porque a Fábrica da Igreja de Vila do Bispo continua a ser proprietária de tudo isto. A propriedade fica salvaguardada. Aquilo que se acrescenta é a possibilidade, que é oferecida a esta comunidade e às outras, de poder conservar melhor este património, conhecê-lo ainda melhor do que se conhece e poder desfrutá-lo com benefício da própria comunidade, antes de mais, e de quem passa”, clarificou.
Os acordos com a Câmara Municipal, assinados no Dia do Município pela presidente, o bispo do Algarve e o pároco de Vila do Bispo depois da Eucaristia e procissão da festa de São Vicente, têm em vista a conservação, investigação e valorização do património cultural religioso do concelho e o empréstimo de objetos arqueológicos do acervo da igreja matriz para exposição no Museu Municipal.
O bispo do Algarve lembrou que o património, embora seja propriedade daquela paróquia, “é de todos” e que assim sentem-se “todos mais corresponsáveis” por ele. “Todos somos herdeiros da herança da fé que nos deixaram aqueles que vieram antes de nós e daquilo que são referências e expressão da sua fé, da sua religiosidade. Sei que as comunidades paroquiais aqui do Algarve – e a vossa não é excepção, e muito bem – zelam por aquilo que é o seu património. Aquilo que recebemos queremos preservá-lo, conservá-lo, desfrutá-lo para deixá-lo para as outras gerações. Só que as nossas comunidades paroquiais – e falo de todo o Algarve, com algumas exceções – não têm capacidade para poder desfrutar deste património”, prosseguiu, acrescentando que o entendimento pode estender-se também a outras paróquias daquele concelho.
Considerando que as próprias comunidades “ficam beneficiadas” com aqueles protocolos, “seja em relação ao presente, seja em relação ao futuro”, D. Manuel Quintas lembrou que o património das paróquias não é da diocese. “As paróquias têm personalidade jurídica que lhes dá a capacidade de possuírem bens. Os bens das paróquias estão em nome das paróquias, não estão em nome da diocese”, advertiu.
A presidente da Câmara de Vila do Bispo agradeceu “pelo facto de a diocese e uma paróquia estarem disponíveis para partilhar o património que é de todos”. “Tal como o senhor bispo referiu, a ideia é preservar, dar a conhecer e investigar aquilo que podemos dar à nossa comunidade e que estas peças perdurem para as gerações futuras”, afirmou Rute Silva.