
O Centro de Espiritualidade da congregação dos Carmelitas Descalços, sedeado em Avessadas (Marco de Canaveses), e a comunidade algarvia das irmãs Carmelitas Descalças promoveram no fim-de-semana de 11 e 12 deste mês mais um encontro de espiritualidade, desta vez, sobre Santa Isabel da Trindade.
A iniciativa, que teve lugar no Carmelo algarvio, no Patacão (concelho de Faro), foi orientada pelo padre Alpoim Portugal, Carmelita Descalço, sob o tema “À escuta do Mestre”. O sacerdote, que começou no sábado por se referir à “força” que a “palavra pronunciada por Deus” produz na vida de cada pessoa, refletiu sobre a forma como Isabel da Trindade soube acolher essa palavra e pô-la em prática.
A santa francesa Isabel da Trindade, nascida em 1880 com o nome de Isabel Catez, foi canonizada em outubro passado pelo papa Francisco. Natural de Dijon, a religiosa carmelita morreu em 1906 aos 26 anos, após um longo sofrimento causado pela Doença de Addison.

“Em contraposição a todo o ambiente que se estava a viver naquele momento em todo o mundo, e de um modo especial na França, ela tentou, com a sua espiritualidade e a partir da sua experiência, comunicar que Deus está presente em cada um de nós”, afirmou o padre Alpoim Portugal em declarações ao Folha do Domingo.
O sacerdote evidenciou que, pese embora tenha lutado pela sua cura, Isabel da Trindade, “no meio das dificuldades mais extremas compreendeu e aceitou e foi capaz de se unir espiritualmente ao próprio sofrimento de Cristo porque percebeu que o sofrimento faz parte da nossa condição”.
O orador procurou então, a partir do exemplo da santa carmelita, motivar na vida de cada pessoa a descoberta do valor da palavra de Deus. “Queremos descobrir a importância da palavra de Deus na nossa vida porque ela é o que nos dá vida. Desde a palavra de Deus é que todas as coisas recebem vida. E em cada momento essa vida é-nos transmitida porque Deus está continuamente a dizer o seu sim”, afirmou.

“A palavra de vai-nos falando através do seu Espírito [Santo], vai-nos falando no interior. Quando lemos esta palavra que foi escrita há milhares de anos, consideramos essa palavra como dita hoje e a cada um de nós. E é nesse sentido que ela tem, verdadeiramente, efeito sobre nós”, complementou, alertando ser “preciso fazer silêncio interior para que a palavra penetre e produza o seu efeito”.
O padre Alpoim Portugal desafiou então ao desenvolvimento da “espiritualidade muito profunda e muito atual” de Santa Isabel da Trindade. “Hoje vivemos muito essa dificuldade em acolher, escutar, receber e reconhecer Deus presente e atuante em nós. E é preciso desenvolver esta espiritualidade para que a nossa vida tenha verdadeiramente sentido, inclusive naquilo que nos parece menos positivo”, afirmou.