A atividade que a Diocese do Algarve promoveu no passado dia 10 deste mês para as famílias das paróquias que constituem a vigararia de Portimão, sob o tema “Desafios para a união da família”, apelou à criação de uma “relação de proximidade” entre os padres e as famílias.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na ‘Tarde de Encontro de Famílias’, levada a cabo através do Setor Diocesano da Pastoral Familiar no Centro Paroquial da Penina, da paróquia de Alvor, no âmbito da preparação para o próximo Encontro Mundial das Famílias, ambos os casais oradores concordaram na importância de que se estabeleça uma relação entre famílias e párocos.

No tema que abordaram – “Avós, tios e cunhados: o que nos aproxima e o que nos afasta?” –, Gilda e Carlos Faria, da paróquia de Aljezur, explicaram que a “relação muito próxima” com o pároco da altura foi importante para ultrapassar o desafio de terem decidido mudar-se em 2013 de Cascais para o Algarve com os dois filhos, uma rapariga e um rapaz. “Também nos deu uma grande ajuda”, reconheceu Carlos, após Gilda ter explicado que naquele ano decidiram vir morar na mesma casa com o irmão do marido, a mulher e as suas três filhas.

“Passámos a ser duas famílias numa casa e dividíamos esse espaço. Também tínhamos muitas vezes connosco o meu pai e a minha mãe porque o meu pai tinha Alzheimer e precisava de algum apoio”, contou Gilda no encontro com mais nove casais participantes em que os filhos ficaram a realizar uma gincana.

Carlos reconheceu que a situação colocou “desafios que são impensáveis quando não se passa pela experiência”. “O meu irmão e as nossas sobrinhas já não vivem connosco, mas vive ainda a minha sogra e viveu também, durante dois ou três anos, uma tia da Gilda que agora já está no lar, mas que tinha na altura 91 anos. Estiveram connosco umas quatro gerações todas juntas. Foi desafiante e ao mesmo tempo muito bom para nós como crescimento pessoal, como experiência de vida e também como superação de obstáculos que todos os dias apareciam”, testemunhou.

Aquele orador disse ainda que para além da relação com o pároco também o acolhimento e a integração na paróquia foram preponderantes para o desafio da vida em família alargada. “Em Aljezur tivemos um contato a nível da paróquia muito mais próximo do que tínhamos em Cascais e fomos integrados num contexto muito mais familiar que nos permitiu de viver a fé de uma forma mais próxima, mais intensa e muito mais em comunidade. Isso mudou totalmente a nossa forma de sermos cristãos e de vivermos o que Jesus nos propõe todos os dias. Também nos ajudou muito neste desafio familiar. Se não fosse assim talvez não tivéssemos conseguido viver cinco anos todos juntos todos os dias”, afirmou.

Gilda acrescentou que a participação da família alargada na eucaristia dominical e o debate que se seguia durante o almoço sobre o que tinham ouvido na celebração foi outro aspeto que ajudou. “Foi fundamental para nos centrar e nos focar naquilo que é o desafio de tentarmos ser bons uns para os outros e tentarmos nos colocar no lugar uns dos outros”, considerou, realçando a “grande aprendizagem da partilha e de exercício da paciência que é fundamental” e que “os netos, os avós, os tios e os primos têm uma relação espetacular”.

Carlos referiu ainda a importância do “exercício do calar tudo o que é mau e dizer tudo o que é bom”. “Tantas vezes tivemos de ouvir coisas e calar a resposta porque não ia construir nada, mas destruir. Esse exercício teve de fazer parte das nossas vidas e, no meu caso, acho que me fez crescer enquanto pessoa e ser humano”, concluiu.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O casal Filipa e João Correia, que refletiu sobre o tema “Padre e famílias: como nos podemos ajudar?”, também considerou que “o lugar do sacerdote é no meio das famílias”. “Diria até que o sacerdote é parte da família”, acrescentou João, explicando que aquela “família recente” “já nasceu e cresceu nesta relação próxima, de ajuda com os padres”.

Filipa defendeu que “a família e o padre devem criar uma relação de proximidade” para partilharem “necessidades, fragilidades, momentos de coragem e as vitórias” e o marido acrescentou que “os sacerdotes são muito importantes para as famílias, mas também as famílias e os contributos que cada uma tem a dar são vitais para a vida e para a caminhada do sacerdote”. “O sacerdote também precisa da nossa ajuda para ele próprio crescer na vida cristã”, complementou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Também o casal dinamizador do encontro que terminou com um chá, Maribel e Miguel Sequeira, pertencente ao Movimento dos Cursos de Cristandade e à paróquia da Matriz de Portimão, concordou nos benefícios daquela colaboração. “Não temos a mais pequena dúvida de como os padres nos ajudaram, e de uma forma muito particular, o padre da igreja matriz de Portimão, o padre Mário Sousa, porque o Senhor através dele ajudou a transformar a nossa vida”, afirmaram, garantindo que a sua vida “em casal, em família, no trabalho, na comunidade, foi uma até há 10 anos” e “tem sido outra” de lá para cá.

O padre Nuno Tovar de Lemos, que esteve presente, confirmou como o “tem ajudado imensíssimo a proximidade com famílias”. “O carinho que sentimos é um apoio enorme”, reconheceu o sacerdote da comunidade jesuíta no Algarve, responsável pela paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Portimão, que acrescentou também a importância da “proximidade à vida real”.

Os encontros vicariais de preparação para o X Encontro Mundial das Famílias vão continuar. No dia 14 de maio será realizado, com o tema “A identidade e missão da família cristã”, organizado pelas paróquias da vigararia de Loulé e no dia 28 de maio com o tema “O amor em família, maravilhoso e frágil”, organizado pelas paróquias das vigararias de Faro e Tavira.