Lancemos um rápido olhar sobre o seu modo de agir, face à Palavra de Deus.
Ela é a mulher de coração aberto a Deus e à sua Palavra, sempre disponível para realizar a vontade de Deus. Mulher de fé conformou toda a sua vida com a mesma fé. Ela soube escutar e viver a Palavra, em plena sintonia com o querer de Deus. Faz bem a todos os que queiram aferir a sua fé pela exigência da Palavra divina, contemplar alguém como Maria que, como ninguém, é a mulher crente.
2 – No momento da anunciação do anjo, graças ao seu «sim» fundamentado apenas na fé, realizou-se o grande mistério da Encarnação do Verbo de Deus. Graças ao seu assentimento livre à palavra de Deus através do seu enviado, Maria cooperou de modo decisivo para a entrada do Eterno no tempo. Ela é, verdadeiramente, o ícone da abertura do coração a Deus e aos irmãos que necessitam do seu «sim» para poderem usufruir do resgate do próprio Deus realizado no Filho de Maria. Nela encontra-se o exemplo duma «crente» que, face à Palavra de Deus, a escuta, interioriza, assimila e transforma em vida.
Se alguma dúvida restasse no respeitante a Maria, como ouvinte atenta da Palavra, baste-nos meditar no seu hino de acção de graças e louvor pronunciado a quando da visita a Santa Isabel. De facto, o seu magnificat está repleto de citações explícitas e implícitas de passagens bíblicas do Antigo Testamento. A acção de graças de Maria é uma oração feita à base da própria Palavra de Deus, o que denuncia precisamente o maior dos efeitos da Palavra: uma vez acolhida no coração humano ela suscita uma resposta divina dada a Deus com a própria palavra de Deus. De tal modo Maria se identificou com a Palavra divina que Deus a fez tornar-se Mãe do Verbo (Palavra) de Deus.
3 – A Palavra de Deus transforma-nos em pessoas sintonizadas com Deus. Quem escuta a Palavra, a assimila e procura agir de harmonia com ela, deixa-se plasmar pelo próprio Deus de modo a tornar verdade aquilo que já Isaías desejava que acontecesse a todo o Povo de Deus: que os seus pensamentos fossem idênticos aos planos de Deus e os seus caminhos fossem os mesmos por onde Deus passa (Cf.Is.55, 8).
Maria, como nenhuma outra criatura deixou que a Palavra de Deus a transformasse de tal modo que não tinha outros planos que não fossem os de Deus, nem colocava os pés noutro trilho que não fosse o trilho de Deus. Olhando para Ela, com atenção, aprendemos a agir segundo Deus.
O autor deste artigo não o escreveu ao abrigo do novo Acordo Ortográfico