Desta convicção da Igreja nasce o seu cuidado constante em educar os fiéis para que saibam «saborear» o sentido da Palavra de Deus, no decorrer da Liturgia de cada dia, como quem saboreia um alimento partido aos bocadinhos.
2 – Se, efectivamente, nós, todos os membros do Povo de Deus, soubéssemos aproveitar as ocasiões em que a Palavra de Deus nos é apresentada pela Igreja, como viveríamos identificados com o plano divino a nosso respeito, como caminharíamos, na senda da perfeição! A Palavra de Deus «espreita-nos» e «persegue-nos» a cada instante, em todos os actos litúrgicos: nos sacramentos, nos sacramentais e, sobretudo, na Liturgia da Eucaristia. São inúmeras as ocasiões que a Igreja nos proporciona uma escuta comunitária da Palavra de Deus!
No decorrer dos Domingos do ano, «a mesa da Palavra» é abundante, e é nova em cada «dia do Senhor», porque só se repete de três em três anos, percorrendo parte significativa do Antigo Testamento e do Novo, nomeadamente dos quatro Evangelhos. Mas também as celebrações da Eucaristia, em dias de semana, nos proporcionam um contacto riquíssimo com a Palavra de Deus. De facto, podemos, nelas, escutar vários textos do Antigo Testamento e do Novo, sem grandes repetições, visto que elas estão distribuídas num ciclo de dois anos, sendo sempre diferentes, se exceptuarmos os textos evangélicos que são repetidos ano a ano.
Mas a abundância da Palavra na Liturgia não se esgota nas celebrações eucarísticas: Em cada celebração de um sacramento, há sempre uma celebração prévia da Palavra; em cada sacramental, está prevista, pela Igreja, uma pequena celebração feita com a Palavra de Deus. Se toda esta variedade e riqueza da Palavra for aproveitada e vivida por nós, como seremos perfeitos!
*bispo emérito do Algarve
O autor deste artigo não o escreveu ao abrigo do novo Acordo Ortográfico