A costa algarvia, sobretudo no barlavento, foi fustigada no dia 6 do mês passado por uma tempestade com forte ondulação que fez muitos estragos nos edifícios e estruturas localizadas à beira-mar. Um desses edifícios castigados pelas ondas gigantes foi a sede do Agrupamento 1331 (marítimos) do Carvoeiro do Corpo Nacional de Escutas (CNE) que fica junto à praia.
O mar destruiu o varandim do pequeno pátio, rebentou com a porta da sede que deixou retorcida e entrou, levando tudo o que estava no rés-do-chão, incluindo os quadros que estavam nas paredes, cartazes, galhardetes, tapetes, almofadas, redes e até um armário. “A água entrou lá dentro e tudo o que estava no rés-do-chão o mar levou. O que desapareceu foi, basicamente, material didático. Por sorte nossa, todos os nossos arquivos e fardamentos e diverso material escutista estava no andar de cima que foi poupado”, explica João Vasco Reys, chefe do agrupamento, ao Folha do Domingo, lembrando que “a destruição foi grande”.
Embora refira que no inverno, com o mau tempo e com as marés vivas, a água chegava sempre às escadas da sede, levando os escuteiros marítimos a alterar as reuniões para a capela do Carvoeiro, o dirigente testemunha que, com a violência do mês passado, “nunca tinha acontecido”. “Aquilo foi mar de fora. Foi um dia em que não havia vento, nem chuva e o céu estava limpo. Havia o alerta vermelho [emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera] em toda a costa e, a meio da manhã, a Junta de Freguesia do Carvoeiro tinha-nos dito para termos cuidado e fecharmos bem tudo porque iria haver o pico da maré por volta das 19h. Disseram-nos para irmos à sede ver o que poderíamos tirar de lá, mas às 16h já não conseguimos tirar nada e já nem a Proteção Civil deixou passar”, relembra.
“Só à noite, por volta das 22h, quando estava já na vazante da maré, é que tivemos autorização da Proteção Civil para ir lá. Vimos o seu estado calamitoso e retirámos tudo o que podemos”, acrescenta, lembrando que “a sede estava cheia de areia e água”.
O varandim, entretanto, já foi recuperado pela Câmara de Lagoa que está agora a providenciar uma porta nova para ser colocada. “Penso que reconstruíram de modo que aquilo não vá na próxima enxurrada”, refere João Vasco Reys, lembrando que a sede é equipamento da autarquia cedido aos escuteiros marítimos desde 2008. “A Câmara trabalhou bem e depressa e no dia seguinte já estava tudo limpo”, complementa, mostrando-se confiante quanto à recuperação dos materiais destruídos. “Com o tempo, recuperamos”, assegura.
Aquele responsável lembra que a sede “não tinha espaço já para o número de elementos” do agrupamento que conta atualmente com 70 escuteiros, embora continue a ser “essencial” para o seu trabalho. Neste sentido, o agrupamento conta já com outra estrutura que funciona como estaleiro náutico onde está instalada a oficina e onde guardam a embarcação e algumas canoas. É ali que agora foi instalado o covil da Alcateia (denominação atribuída ao grupo de Lobitos – escutas entre os 6 e os 10 anos de idade). “Ali não há perigo de cheias e é onde temos estado todos agora a funcionar”, explica João Vasco Reys, garantindo que em Carvoeiro “é muito complicado encontrar um outro espaço”.