O padre Luís Miguel Rodrigues disse hoje aos quase 90 responsáveis da catequese, que participam em Ferragudo no Encontro Nacional da Catequese, que “a figura do catequista instituído surge com muitas das competências que hoje são pedidas ao presbítero ou ao diácono”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Estamos diante da visão de uma Igreja onde homens e mulheres cooperam para a tornar mais viva e dinâmica, dando corpo ao corpo de Cristo”, observou o sacerdote da Arquidiocese de Braga, explicando que os instituídos deverão cooperar com “aqueles que nela são configurados com a sua cabeça” e que “a tarefa dos pastores é reconhecer os ministérios laicais como capazes de contribuir para a conversão da sociedade”.

Aquele professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, mestre em Teologia Catequética, que abordou o tema «O ministério do catequista nos Documentos “Antiquum Ministerium” e “Ministérios Laicais para uma Igreja Ministerial” e no hoje da Igreja», completou que, “sob a orientação de um sacerdote, a cúria pastoral da paróquia” poderá “ser confiada a um diácono ou outra pessoa preparada e o catequista instituído surge, evidentemente, como essa pessoa”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O sacerdote considerou que a “urgência” da instituição do ministério “deriva da renovação da consciência de evangelização e das condições que requerem um encontro autêntico com as novas gerações”. “Em momento algum se fala da escassez do clero como causa”, ressalvou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O conferencista disse ainda que “o ministério ordenado dá garantia da continuidade apostólica e serve a unidade dos diversos carismas, mas não deve ser exercido como opressão ou anulação do resto dos carismas, vocações e ministérios que existem na comunidade”, considerando que “o conjunto dos ministérios ordenados e laicais tornam possível a realidade de uma Igreja como povo de Deus, corpo de Cristo e templo de Cristo”.

Citando o Papa Francisco, aquele especialista recordou que “os ministérios são as diversas formas que os carismas assumem quando são reconhecidos publicamente e postos à disposição da comunidade e na sua missão de modo estável” e que “o ministério é instituído a um leigo a quem é reconhecido um carisma específico, após um tempo adequado de discernimento e preparação” a quem poderá ser “confiada a missão de formação e coordenação de toda a atividade catequética”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Faz sentido que se perceba a catequese como um serviço de toda a comunidade cristã, pelo que não é de estranhar que, após devido discernimento, se instituam ministérios ao serviço da catequese”, completou, acrescentando que a “inovação” está no facto de se defender que a instituição não seja só para o ministério do catequista, mas também para outros como o do leitor ou do acólito e até mais.

O padre Luís Miguel Rodrigues realçou que “os carismas estão ao serviço da missão evangelizadora da comunidade” e que “os ministérios são rosto e o espelho de uma Igreja no meio do mundo que é sacramento de comunhão e ao mesmo tempo evangelizadora, celebrativa e comprometida”.

Aquele especialista em Teologia Catequética frisou que “o ministério deve ter estabilidade, ou seja, deve ser igual aos outros ministérios instituídos” e que o seu exercício “pode e deve ser regular na sua duração”. “A estabilidade implica que seja conferido uma vez para ser exercido por um prazo de cinco anos renováveis. O exercício do ministério cessa quando a pessoa deixa de manifestar disponibilidade ou a sua idoneidade deixa de ser reconhecida. Cabe ao bispo diocesano suspender ou excluir o exercício do ministério”, acrescentou, lembrando que a idade para homens e mulheres que querem aceder ao ministério instituído é de 25 anos e que “o ministério tem uma abrangência diocesana”, pois “é para toda a diocese que é instituído” o catequista.