Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Teve ontem início, com a celebração da festa de São Gonçalo de Lagos, o ano dedicado à veneração daquele santo que se prolongará até 27 de outubro de 2023.

A iniciativa já tinha sido anunciada com a assinatura do decreto do bispo do Algarve em que concede a indulgência parcial a quantos “devotamente venerarem a imagem de São Gonçalo na igreja de Santa Maria” ou “no local onde se evoca o seu nascimento”.

Ontem, na Eucaristia que teve lugar na igreja de Santa Maria, o novo pároco das paróquias da cidade considerou aquele “ano espiritual” como “um incentivo aos cristãos a redescobrirem a profundidade da doutrina das indulgências”, o sentido da sua “peregrinação neste mundo”, a “preparação da hora da morte” e, sobretudo, como apelo a uma “conversão permanente” a que são todos chamados.

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O sacerdote disse que será “um ano então muito belo na igreja de Santa Maria que estará de portas abertas para acolher qualquer grupo paroquial vindo do Algarve”. “Já escrevi nesse sentido aos meus colegas padres esta semana, mostrando toda a minha disponibilidade para acolher os fiéis que queiram vir aqui peregrinar e, sobretudo, oferecer também algum conteúdo espiritual para os cristãos”, afirmou, acrescentando: “queremos propor-nos a um ano de redescoberta da importância de São Gonçalo de Lagos – esse é o propósito –, assinalando isso concretamente no dia 27 de cada mês com uma oferta formativa e espiritual para a comunidade cristã”.

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O padre Nelson Rodrigues evidenciou que aquela festa teve uma tónica diferente devido à inauguração daquele ano dedicado ao padroeiro da cidade. O padre Nelson Rodrigues disse ser uma abertura “significativa” por ocorrer no contexto dos 600 anos da morte de São Gonçalo, celebrados no passado dia 15 de outubro, por acontecer no dia em que se celebraram os 50 anos do feriado municipal que assinala o seu dia e por se prolongar o “ano santo” até 2023 em que se completam 10 anos em que a união de freguesias assumiu a denominação de Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos.

O bispo do Algarve, que presidiu à Eucaristia, explicou que a iniciativa não foi lançada o ano passado devido debilitado estado de saúde dos antigos párocos, os padres redentoristas. “Mais do que celebrarmos São Gonçalo num dia do ano, é importante que ele faça parte da nossa vida sempre. E termos um ano mais dedicado a ele, talvez nos ajude”, afirmou D. Manuel Quintas, considerando que o canonizado constitui uma “referência de vida, de fé, de amor ao próximo e de caridade”.

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Na homilia, aquele responsável católico disse que o santo de Lagos é um “apelo muito grande à humildade”. D. Manuel Quintas considerou São Gonçalo como “alguém que cultivou a virtude da humildade como caminho de verdade, de santidade”.

Por outro lado, o bispo do Algarve frisou que “Santo é aquele que encontra espaço na sua vida para Deus, mais do que para ele mesmo” e que lhe “dá prioridade”. “Os Santos são sempre semeadores da esperança”, acrescentou, congratulando-se com o município pelo ciclo de conferências sobre o padroeiro realizado no passado dia 15 de outubro.

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A Eucaristia contou ainda com dois cânticos, de entrada e de comunhão, dedicados a São Gonçalo de Lagos que foram musicados pelo padre Vasco Figueirinha, vigário paroquial daquelas paróquias, e têm letra do padre João Paulo Quelhas, capelão do santuário de Fátima.

São Gonçalo nasceu em Lagos no ano de 1360. Adotou o sobrenome de Lagos por costume da época entre os frades e entrou no convento dos “agostinhos gracianos”, nome vulgarmente dado, naquele tempo, aos frades da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho que viviam no convento de Nossa Senhora da Graça, em Lisboa.

Depois de ordenado foi pároco na Lourinhã, Lisboa, Santarém e Torres Vedras, onde veio a falecer no dia 15 de outubro de 1422. Desde esta data, Gonçalo foi aclamado como santo, tendo sido venerado pela população. No entanto, sendo beatificado pelo papa Pio VI em 1778, não chegou até hoje a ser canonizado.

A 27 de outubro celebra-se então a memória facultativa do beato Gonçalo de Lagos, obrigatória na Diocese do Algarve e no Patriarcado de Lisboa.