
O bispo do Algarve lembrou, na passada segunda-feira, na eucaristia celebrada no âmbito da Pastoral Penitenciária pelos serviços de reinserção social e pelos guardas prisionais, que “uma forte experiência de fé” pode ajudar à regeneração dos reclusos.
“Sabemos, pelo testemunho de quantos assumem o serviço da pastoral prisional, como uma forte experiência de fé, pode nesta situação, contribuir para alcançar um equilíbrio interior, e ajudar a assumir o tempo de cárcere, não como um tempo que lhe foi irremediavelmente subtraído, mas a vivê-lo como tempo de Deus, como oportunidade de verdade, de humildade, de regeneração e também de fé”, afirmou D. Manuel Quintas na igreja de São Pedro de Faro, onde decorreu a celebração promovida pelo Setor da Pastoral Prisional da Diocese do Algarve.

O prelado considerou “louvável quanto se tem feito e quanto se pretende ainda fazer no complexo mundo das prisões, para que o tempo ali passado não seja considerado como perdido”, mas possa “oferecer e proporcionar uma nova e positiva inserção na sociedade”.

O bispo diocesano disse que essa tarefa “implica um grande esforço da parte de todos – e, sobretudo, dos próprios reclusos” –, no sentido de “criar condições para que quem aceita levantar-se, possa caminhar de modo diferente, com os próprios pés”. “Esta é também a missão da Igreja”, garantiu, reconhecendo ser “difícil levantar-se quando as derrotas se acumularam na própria história de vida”. “E não basta levantar-se.É necessário também andar”, sustentou.
D. Manuel Quintas realçou assim que a mudança de vida se trata, por vezes, de “um caminho longo, certamente com dificuldades, mas sempre estimulante, um caminho que é muito difícil fazer-se sozinho”.

O bispo do Algarve afirmou que Jesus “procura e quer encontrar-se com cada ser humano, em qualquer situação da sua vida”.“Apresenta-se sempre como alguém que vem para mudar a vida dos que encontra para uma situação melhor. Para tal, é preciso deixar-se encontrar por Ele e aceitar a novidade de vida que Ele propõe. Cristo espera do homem uma aceitação confiante, que abra a sua mente a decisões generosas, capazes de remediar o mal cometido e promover o bem”, prosseguiu.

“Sabemos que tal como, depois de ressuscitado, entrou no Cenáculo com as portas e janelas fechadas, também entrará hoje em tantas celas e, sobretudo, no coração daqueles que podem sentir-se sem rumo, sem esperança”, afirmou.

D. Manuel Quintas regozijou-se ainda com aquela iniciativa. “Foi com muito gosto que aceitei esta celebração a vosso pedido e a pedido também da pastoral prisional porque é uma oportunidade de manifestar, antes de mais, o meu reconhecimento por tudo o que de bom se faz ao serviço dos outros, dos reclusos, no meio de dificuldades, de tantos obstáculos. Faz-nos bem acolher o testemunho do vosso serviço, tantas vezes arriscado, nada fácil”, referiu na eucaristia concelebrada pelo cónego Carlos César Chantre, vigário geral da Diocese do Algarve, pelo cónego Manuel Rodrigues, assistente espiritual do Setor Diocesano da Pastoral Prisional e do Estabelecimento Prisional de Faro, e pelo padre Fernando Rafael Rocha, assistente espiritual do Estabelecimento Prisional de Olhão.

O bispo diocesano explicou ainda que o padre Nelson Rodrigues, assistente espiritual do Estabelecimento Prisional de Silves, esteve presente por estar fora da diocese. Na eucaristia participaram ainda o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Celso Manata, e diretores dos três estabelecimentos prisionais do Algarve: Alexandre Gonçalves, de Faro; Júlio Melo, de Olhão; e Ricardo Torrão, de Silves.
O bispo do Algarve tem este ano prevista, de 17 a 21 de dezembro, uma visita pastoral aos três estabelecimentos prisionais.