Foto © Samuel Mendonça

A paróquia de Santa Bárbara de Nexe homenageou no passado dia 2 deste mês o padre Júlio Tropa Mendes, que foi seu pároco durante 43 anos (1969-2012), tendo falecido em janeiro de 2012.

Para além da eucaristia de ação de graças pela sua vida, o sacerdote foi homenageado com as inaugurações do seu busto junto ao Centro Paroquial e das obras de renovação e ampliação do lar de idosos daquela instituição, bem como com o lançamento de duas publicações por si ainda prefaciadas.

Após a eucaristia, também celebrada pelos restantes párocos falecidos, que teve lugar na igreja paroquial, presidida pelo bispo do Algarve, seguiu-se o descerramento do busto por familiares do sacerdote. A autora da escultura explicou a mesma. “O padre Tropa construiu uma realidade baseada no acordo, na compreensão, na capacidade de conter cada um, não segundo regras pré-estabelecidas, mas segundo a vida e necessidades de cada pessoa, confortando-a, respondendo às suas necessidades concretas, integrando-a numa Igreja que é mãe e que contém todos”, afirmou a artista plástica Lígia Rodrigues, realçando as pessoas “tocadas pelo amor” do presbítero.

Lígia Rodrigues • Foto © Samuel Mendonça

“Vejo um homem, que tendo vivido na luz, a deixou atrás de si e agora está na luz. É esse o motivo pelo qual decidi fazer o busto em branco para que, através dos tempos, quem olhar se sinta parte dessa luz, nela se motive e continue a espalhar essa luz que é Cristo para a humanidade. A cor branca queria ainda que expressasse não o contraste, mas o acordo, a suavidade das relações, a delicadeza do amor, a profundidade do silêncio onde se encontra Deus”, explicou, acrescentando que a pedra, na qual assenta a imagem, “simboliza o povo de Deus, o corpo da Igreja que, com o padre Tropa, ajudou a construir todas as obras”. “As letras com o nome do padre Tropa foram escolhidas em acrílico translucido para marcar a delicadeza e a transparência da sua vida”, complementou.

Foto © Samuel Mendonça

O bispo do Algarve já se tinha referido na eucaristia à relação entre o busto e a luz. “Sempre que visitarmos e contemplarmos aquela obra e olharmos para esse busto, lembremo-nos desta luz, cuja fonte é Cristo”, pediu D. Manuel Quintas.

Foto © Samuel Mendonça

Também o presidente do Centro Cultural e Social da paróquia, ao explicar a motivação da iniciativa, destacou a relação entre o trabalho do falecido pároco e Jesus. “Ao colocarmos o busto do padre Júlio à entrada deste Centro, não o fazemos para alimentar um qualquer idolátrico culto da personalidade, mas apenas e tão só para preservar e dar o devido relevo à sua santa memória de pastor da Igreja que agiu unicamente impelido pelo amor de Cristo”, afirmou o diácono Luís Galante, acrescentando que aquela obra servirá “para que todos os que com ele conviveram o recordem com a saudade que ele merece e as novas gerações o conheçam”.

Foto © Samuel Mendonça

O responsável adiantou ainda que o busto foi totalmente “pago com donativos dos paroquianos e amigos do padre Júlio, a que se quis associar a Câmara Municipal de Faro que comparticipou nos gastos”.

Foto © Samuel Mendonça
Foto © Samuel Mendonça
Foto © Samuel Mendonça

Lembrando que coube ao homenageado “renovar, dinamizar, atualizar e revitalizar a paróquia à luz das orientações” do Concílio Vaticano II, o diácono Luís Galante recordou que o sacerdote “atraiu a juventude para a Igreja, abrindo as portas da casa paroquial que transformou num verdadeiro clube da juventude, onde os seus jovens paroquianos podiam estudar, ler, ouvir música, petiscar, namorar, conviver, crescer na fé e desenvolver as suas potencialidades pessoais”. Aquele responsável considerou o jornal ‘O Encontro’, o infantário ‘A Joaninha’, o Centro de Bem-Estar Social e o Lar e Centro de Dia como as “quatro obras basilares” do homenageado e dos seus paroquianos, razão pela qual se inscreveram na rocha que sustenta o busto.

Foto © Samuel Mendonça

Relativamente às novas instalações do lar de idosos, inauguradas naquele dia – cuja construção lembrou ter sido motivada por notificação oficial da Segurança Social em fevereiro de 2012 –, o diácono Luís Galante explicou permitirem passar de 36 para 46 utentes. “Catorze camas passam a estar instaladas nos quartos novos e todos os utentes beneficiarão do apoio e serviço de modernas e mais confortáveis casas de banho”, sustentou, acrescentando que, “depois de todas as contas saldadas” importa “planear e realizar a modernização dos restantes quartos, de modo que todos ofereçam idêntica qualidade e conforto aos utentes”.

Diácono Luís Galante • Foto © Samuel Mendonça

O diácono disse ainda que, para “reforçar a identidade nexense” daquela instituição, “os seus espaços e corredores passam agora a ser identificados com referências toponímicas locais”.

Rogério Bacalhau • Foto © Samuel Mendonça

O presidente da Câmara de Faro, que considerou aquela infraestrutura “parte fundamental da rede de equipamentos sociais” do concelho, destacou as obras como um “grande investimento” da instituição. “Estes milhares de euros investidos representam uma melhoria substancial das condições operacionais e do conforto deste Centro. É um investimento vosso, sem ajudas financeiras, porque a necessidade era premente e a boa gestão o permitia”, afirmou Rogério Bacalhau, destacando aquele Centro Paroquial como um “esteio no apoio de todos aqueles que necessitam de conforto na velhice”.

José Coelho Mestre • Foto © Samuel Mendonça

Sobre as publicações ‘Terra de Nexe através da poesia’ e ‘Encontro com os poetas’, cuja verba das vendas reverterá para aquelas obras, o diácono Luís Galante adiantou reunirem versos e os poemas dos poetas populares de Santa Bárbara de Nexe que foram publicados ao longo de 40 anos no jornal ‘O Encontro’. A coletânea foi realizada por José Coelho Mestre, paroquiano que considerou a homenagem do passado dia 1 como pagamento da “divida de gratidão do povo nexense” a “uma das figuras mais marcantes nas últimas décadas” naquela freguesia.

Bispo D. Manuel Quintas • Foto © Samuel Mendonça

O bispo do Algarve, que também manifestou o seu agradecimento ao “padre-pastor” “que nunca deixou de ser irmão e amigo, mesmo durante a sua doença”, estendeu essa “gratidão a todos aqueles que continuaram a sua obra”. “Não foi fácil continuar a obra do padre Júlio”, reconheceu D. Manuel Quintas na sessão que terminou com a projeção de mais de 200 fotografias (de 1969 a 2012), evocativas da vida do homenageado.

Foto © Samuel Mendonça