
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou hoje, no Algarve, a indefinição na atribuição da verba prometida pelo Governo ao ensino artístico e manifestou-se preocupado com o futuro de alunos e professores.
Em declarações à Lusa, à margem de um concerto de protesto realizado junto às instalações da Academia de Música de Lagos, Mário Nogueira disse que, apesar de o Governo ter prometido um reforço de 4 milhões de euros para o ensino artístico, até hoje não se conhece como será feita a distribuição da verba.
Segundo aquele responsável, mesmo que a verba seja injetada nas escolas, é insuficiente para abranger “todos os alunos do ensino articulado e integrado que ficaram fora do financiamento”, uma vez que os 4 milhões de euros dariam apenas para financiar 1.500 alunos, de um universo de 7.500 afetados pelos cortes neste setor da educação.
“Os cortes davam qualquer coisa como 7.500 alunos a menos financiados. Os 4 milhões de euros desses 7.500 dará para cerca de 1.500, portanto continuamos a ter uma quebra na ordem dos 6.000”, afirmou, sublinhando que isso significa que poderão ser afetados “muitos postos de trabalho”.
De acordo com Mário Nogueira, a situação pode mesmo vir a configurar o “maior despedimento coletivo de sempre na área do ensino artístico especializado”, a nível nacional, o que pode corresponder a mais de 200 postos de trabalho.
O secretário-geral da Fenprof lamentou ainda o facto de as listas com a distribuição da verba de reforço pelas instituições de ensino ainda não terem sido publicadas.
Mário Nogueira lembrou que em Portugal existem apenas seis conservatórios públicos, todos situados no litoral e nenhum a sul de Lisboa, e também o facto de os currículos escolares terem vindo “progressivamente a perder estas áreas”.
A Academia de Música de Lagos, junto à qual se realizou hoje um concerto de protesto, é uma das escolas que “dão resposta” a essa falta de estabelecimentos no Sul do país.
O concerto de protesto hoje realizado, que assinalou o Dia Mundial da Música, em Lagos, reuniu cerca de 40 pessoas, entre os quais professores daquele estabelecimento.