Foto © Samuel Mendonça

O selecionador nacional de futebol disse ao clero do sul do país que o desporto é “um excelente veículo” para “levar Cristo às periferias humanas e existenciais”.

Fernando Santos deixou clara esta ideia na atualização do clero das dioceses do sul, que se realizou de 16 a 19 deste mês, tendo precisamente como tema “Levar Cristo às periferias humanas e existenciais: os novos areópagos”, com cerca de 120 participantes, incluindo, para além dos bispos, sacerdotes e diáconos das quatro dioceses, o bispo emérito da Diocese de Singüenza-Guadalajara (Espanha), D. José Sánchez González, que também esteve presente.

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Ao abordar a dimensão do desporto na segunda de duas mesas redondas que procuraram apontar as “Áreas prioritárias na Ação Pastoral da Igreja”, o orador explicou que o desporto coletivo, para além da questão da superação e da capacidade de sofrimento, proporciona ainda “o sentido de fraternidade, de solidariedade e o espírito coletivo” para se conseguir vencer e “cria entre as pessoas que o praticam laços muito fortes de solidariedade, amizade, determinação e coragem”.

Fernando Santos acrescentou que entre os futebolistas “há muito católico convicto”. “Não podemos cair no exagero de pensar que muitos daqueles que se benzem não o fazem com convicção”, advertiu, alertando, contudo para a dificuldade que considerou não exclusiva do mundo do futebol porque “atravessa a sociedade”. “O grande problema é a dificuldade que temos em nos assumirmos. Temos muitas dificuldades em assumimo-nos e isto, cada vez mais, parece ser cultural”, lamentou, frisando que “ou se é cristão ou não se é cristão e isto tanto faz ser no futebol como noutra modalidade qualquer”.

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Neste sentido, o selecionador de Portugal considerou ser necessário dar a cara por aquilo em que se acredita. “O que somos convidados, no desporto ou em qualquer lado, é quando fazemos algo a dizermos por que o fazemos e, mais do isso, a tentar demonstrá-lo. Ou deixamos esta marca de que somos um bocadinho diferentes ou vamos ser confundidos. Ou deixamos a marca de que somos cristãos ou então somos iguais aos outros”, alertou.

Lembrando por exemplo a “importância fundamental para a sociedade” do trabalho realizado por muitas organizações sem fins lucrativos, defendeu que “aqueles que o fazem em nome de Deus” o devem dizer “de uma forma muito clara”. “É este Cristo vivo que temos de anunciar. Acho que falamos pouco da ressurreição”, exortou, lembrando que só regressou à Igreja (depois de tê-la deixado com nove anos) quando lhe deram a conhecer esse Jesus.

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Nesse sentido aconselhou a Igreja a centrar-se em Jesus e a ir ao encontro das pessoas. “O que nos devia fazer refletir a todos é se não estamos muito dentro de nós, muito centrados nestas questões muito acessórias e não no centro que é Cristo, o Salvador. Temos de estar muito mais perto das pessoas. Temos de ir lá para fora e levar a palavra, mas temos que a levar de corpo inteiro. O que está a faltar é levarmo-nos aos outros. Isso tem sido um apelo muito forte do papa Francisco”, destacou, considerando que as quezílias internas entre os cristãos são o que “leva a que muita gente tenha dificuldade em aceitar a palavra de Cristo”.

Aos sacerdotes lembrou que “a palavra é importante, mas o testemunho é fundamental porque, às pessoas, o que chega em primeiro lugar é o testemunho”, frisando a importância da sua disponibilidade presencial.