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Foto © Samuel Mendonça

No Domingo de Páscoa realizou-se em Loulé a Festa Pequena em honra de Nossa Senhora da Piedade, popularmente conhecida como Mãe Soberana, e que constitui o ponto de partida daquela que é considerada a maior manifestação religiosa a sul do Tejo: a Festa Grande, que decorrerá no dia 30 deste mês.

Acompanhados por uma multidão e pela banda da Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva, os homens do andor subiram à colina sobranceira à cidade onde se encontra implantado o santuário mariano de maior expressão no Algarve para vir buscar o andor com a Pietá algarvia, onde a comunidade já se encontrava a fazer a recitação do rosário.

Após a oração do terço na nova igreja do santuário, o pároco das paróquias de Loulé, padre Carlos de Aquino, rezou ali com os homens do andor que diante da imagem de Nossa Senhora com o seu filho morto nos braços se ajoelharam para a oração, na qual pediram a intercessão da Virgem.

Após a prece, teve início então a descida em passo acelerado com o andor até à igreja de São Francisco, no centro da cidade, participada também pelo padre António de Freitas, antigo pároco de Loulé. Ao esforço dos homens oito homens, vestidos de calças e opas brancas, que transportaram a imagem, aliou-se a força espiritual dos fiéis que, em vivas inflamadas a Nossa Senhora da Piedade e aos homens do andor, na cadência musicada dos homens da banda, «ajudaram» a trazer o pesado andor da padroeira até à igreja onde foi recebido com palmas por uma multidão que, juntamente com os padres Henrique Varela e Nelson Rodrigues, já o aguardava para a celebração da eucaristia da Ressurreição.

“Recebemos nesta tarde a imagem desta mulher que acompanhou todo sofrimento de Jesus, a sua morte e que também aguardou com grande esperança a ressurreição”, começou por referir o padre Nelson Rodrigues, que presidiu à eucaristia concelebrada pelos padres Henrique Varela e Carlos de Aquino.

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Foto © Samuel Mendonça

O sacerdote destacou a oportunidade daquela festa. “O tempo pascal é um tempo mariano e, por isso, faz todo o sentido que, logo no primeiro dia da Páscoa, a Senhora da Piedade desça ao coração da nossa cidade para «caminhar» connosco nestes primeiros tempos”, afirmou, destacando a “lógica tão sábia” do povo louletano que, com aquela festividade, se opõe à “tentação” de, após as celebrações da Semana Santa, viver o “sonho apenas da ressurreição” sem perceber que é preciso continuar a passar “pela cruz e pelo sofrimento”.

Ao longo destes 15 dias, a imagem permanecerá ali, estando o templo aberto durante o dia e parte da noite, sendo que a novena de preparação decorrerá até ao dia 26 de abril.

Nos dias 27, 28 e 29 deste mês decorrerá o tríduo de preparação para a Festa Grande, que este ano tem como pregador o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, e como tema “Maria, Mãe do Evangelho do Amor”. No sábado, dia 29, haverá celebração da eucaristia às 10h, 18h e 21h e, às 16h, na igreja de São Francisco, os jovens da Banda Filarmónica Artistas de Minerva apresentam um concerto. Já à noite, pelas 22h, o Clube Hípico de Loulé homenageia Nossa Senhora da Piedade, no tradicional desfile a cavalo.

Durante estes dias, e até 27 de maio, continua patente ao público, no Convento de Santo António, a Exposição Fotográfica “Mãe Soberana: A Força do Amor”, com imagens dos fotógrafos Fernando Correia Mendes, Luís Henrique da Cruz e Vasco Célio. A curadoria é de João Romero Chagas Aleixo.

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Foto © Samuel Mendonça

O momento alto de encerramento das festividades acontece então no dia 30 de abril, com a chamada Festa Grande. Nesse dia será celebrada então missa campal no largo de São Francisco, pelas 10h, seguindo-se a procissão para o Monumento a Duarte Pacheco. Pelas 12 horas será ali celebrada nova eucaristia, seguida de um tempo de louvor e saudação à padroeira de Loulé, e, às 16h, será então celebrada a eucaristia solene, como acontece anualmente, presidida pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, seguindo-se a procissão de regresso ao santuário mariano.

As festividades de Nossa Senhora da Piedade constituem uma tradição com provável origem em 1553, data oficial da edificação da capela que lhe é dedicada.