
A igreja algarvia rezou esta noite pelo seminarista António Moitinho de Almeida, de 32 anos, que será ordenado diácono no próximo domingo, pelas 16h, na igreja de Santa Maria de Tavira, a sua paróquia de origem.


A vigília de oração, promovida conjuntamente pelo Seminário de São José de Faro e pela comunidade algarvia das Carmelitas Descalças, foi presidida pelo padre António de Freitas, reitor do Seminário d São José de Faro e diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional, e teve lugar na capela do mosteiro de Nossa Senhora Rainha do Mundo, no Patacão.
Ao seminarista António Moitinho, o sacerdote deixou um pedido especial. “Que o Senhor seja sempre a tua única força onde te sustentas e a tua única força a usar em favor do seu povo”, pediu-lhe. “Muitas vezes também entre nós, ministros, há a tentação de usarmos outras forças e de atuarmos à força. Que a tua força seja sempre e tão somente a de Deus porque assim serás feliz e farás o povo, que será sempre de Deus, feliz”, complementou o padre António de Freitas, que também se congratulou por muitos consagrados se terem associado àquela oração por ocorrer na véspera do Dia do Consagrado.

Por outro lado, o reitor do Seminário indicou-lhe a “única maneira” de a vida dos ministros ordenados “ter sentido”: “fazermos aquilo que apenas o Senhor manda, irmos apenas para onde o Senhor nos mandar e somente dizer aquilo que for a vontade do Senhor”, explicou, alertando que “haverá sempre” a tentação de fazer o contrário. “Que os teus lábios possam servir sempre para dizer as palavras do Senhor porque somente essas interessam, somente essas amam e somente essas podem salvar. Todas as outras podem tornar-se bloqueio, destruição, rutura”, acrescentou.

O padre António de Freitas destacou ainda que “nenhuma vocação é resultado de um querer pessoal, mas é, antes de mais e acima de tudo, o sonho de Deus para alguém e, através desse alguém, para o povo inteiro”. “É assim que devemos ver uma vocação de consagração”, sustentou, acrescentando trata-se não de “um ato heróico da parte do homem em relação a Deus” mas “de Deus em relação ao homem”. “Não é a heroicidade do homem, mas a heroicidade e a beleza do amor de Deus que quer confiar-nos a nós coisas tão belas e tão maiores do que nós mesmos”, observou.


“Não obstante as nossas limitações e finitudes, Ele quer confiar-nos tão grandes mistérios e, às vezes, nós colocamos todo o centro em quem é ordenado, em quem se consagra, em quem se oferece, quando na verdade tudo isto é dom de Deus”, lamentou, acrescentando que “o amor de Deus por toda a humanidade” quer realizar-se e concretizar-se através da “limitação” do vocacionado. “É isto que Deus faz através dos que já somos sacerdotes, consagrados, consagradas, é isto que Deus quer fazer através da vida do António, quem sabe é isto que Ele quer fazer através da vida de alguns de vocês”, disse aos muitos jovens presentes.
E dirigindo-se diretamente a eles, pediu-lhes que antes de se deitarem se interrogassem vocacionalmente diante de Deus. “É isso na verdade o que mais importa e é isso na verdade que nunca nos desiludirá: o sonho, a vontade, o querer, o pensar de Deus para cada um de nós e sobre cada um de nós”, afirmou, pedindo que reaprendam “sempre a olhar para o ministério ordenado, para a consagração de vida, para vocação matrimonial, para as vocações missionárias deste modo”.

“Às vezes, quando nos interrogamos sobre a vocação a que Deus nos chama pensamos logo no que nos vai faltar, no que temos de deixar, no que temos de abandonar, quando o Senhor nos dá a certeza de que a quem se entrega e confia n’Ele nunca falta nada. Se o Senhor chama algum de vocês que aqui está, não tenham medo porque nunca vos faltará nada. Não vos faltará dificuldades, mas também não vos faltará consolos, alegrias e a graça de Deus, a sua ternura. Que vocês que aqui estão, ao rezarem pelo António esta noite, sintam que o Senhor pode vos ter conduzido até aqui hoje, quem sabe, para manifestar mais claramente a vocação a vosso respeito”, afirmou.

Aquela vigília teve ainda a particularidade de contar com uma relíquia de São João Paulo II, oferecida à comunidade algarvia das Carmelitas Descalças pelo antigo secretário pessoal do falecido pontífice, o cardeal Stanisław Dziwisz. O padre António de Freitas também se referiu ao momento “belo” e “único” de “receber a relíquia de um santo”. “Deve ser para nós motivo de veneração e também pedido de auxílio e intercessão para que ele, junto de Deus, interceda pela nossa Igreja diocesana, pelas vocações, pelas irmãs deste Carmelo”, considerou, lembrando que o falecido papa polaco foi sempre “solícito com as vocações, com os seminaristas e os sacerdotes”.

A oração, que também contou com a participação do padre Vasco Figueirinha, membro também da equipa formadora do Seminário do Algarve, e dos seminaristas menores, prosseguiu com a profissão de fé e o juramento de fidelidade do candidato ao diaconado.

A madre superiora do Carmelo do Algarve lembrou que o António Moitinho frequenta aquele espaço “há alguns anos” para rezar. “Serás um grande sacerdote, com certeza, pelo amor que testemunhas à vida de oração”, vaticinou a irmã Lúcia Maria.


