A igreja matriz de Giões reabriu no passado domingo à tarde, 23 de dezembro, após obras de conservação que puseram fim à situação de degradação a que o templo se via votado, particularmente quando chovia, com prejuízo do teto, dos altares, do pavimento, das pinturas e até da própria estrutura do edifício.
As obras de recuperação daquela igreja do nordeste algarvio, realizadas ao abrigo do acordo estabelecido com o Estado, através da Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL), tiveram início em março deste ano, tendo terminado agora.
A reabertura ao culto foi assinalada com a celebração da eucaristia presidida pelo bispo do Algarve. D. Manuel Quintas regozijou-se pela comunidade se poder encontrar novamente naquele “espaço renovado” e “restaurado”. “É um sonho que se vê concretizado e claro que o nosso coração está em festa”, afirmou na eucaristia que teve início com o rito da aspersão.
O prelado lembrou o diácono Albino Martins, ausente por motivos de saúde. “Queremos tê-lo presente na nossa oração, gratos por esta obra que muito se deve a ele, pelo seu dinamismo no envolvimento de todos, inclusivamente do bispo da diocese, e pela colaboração de tanta gente”, afirmou, considerando “muito bom” quando uma obra como aquela “tem a participação de tanta gente nas proporções que são necessárias e possíveis para aqueles que participam”.
O bispo diocesano constatou que “mais facilmente há mobilização de coração” quando ela é “por uma boa causa” e evidenciou a “ação decisiva” do presidente da Câmara para conseguir o fundo que financiou os trabalhos. “Sentindo esta casa nossa, não nos dispensa de também darmos a nossa colaboração de tantas maneiras e de tantos modos”, afirmou, acrescentando querer “dar graças ao Senhor por essa generosidade”.
“Tal como foi possível a renovação desta igreja, o Senhor nos ajude a renovarmo-nos também nós como Igreja que somos. Nós somos templo onde Deus habita e também precisamos de nos renovar interiormente”, prosseguiu.
D. Manuel Quintas realçou a importância daquela obra no âmbito da reabilitação do património do interior algarvio. “Acho que era preciso continuar com este projeto”, afirmou, apontando como próximo passo – para além da recuperação dos altares daquela igreja que ficaram muito afetados pela chuva de vários anos – o restauro da igreja de Alcoutim.
O pároco de Giões também manifestou o seu agradecimento aos que colaboraram na obra. “Em tempo de Natal, termos aqui a nossa igreja restaurada é uma graça do Menino Jesus”, afirmou o padre Alberto Teixeira.
O presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, que recordou a caminhada percorrida pelo projeto, manifestou a sua alegria por ver a obra concluída e “muito agradável”, tal como o presidente da Junta de Freguesia local, José Afonso.
O arquiteto explicou que a intervenção incidiu na cobertura, com a sua total substituição, tendo no interior sido substituídos os madeiramentos das naves laterais. Victor de Brito acrescentou ainda que foram reparadas as fissuras nos arcos, bem como o deslocamento de pedras dos mesmos e recuperados os degradados e empolados pavimentos, tendo sido os mosaicos hidráulicos substituídos por pedra por ser um material mais compatível com os tacos de madeira.
Uma das novidades da intervenção foi a construção no exterior de uma rampa de acesso ao interior para pessoas com pessoas com mobilidade condicionada.
A recuperação da igreja de Giões custou 91.500 euros (valor sem IVA), tendo foi comparticipada pelo Estado em 46.000 euros, através do Programa Equipamentos Urbanos de Utilização Coletiva referente a equipamento religioso. A Câmara de Alcoutim contribuiu com 23.000 euros e as paróquias, os sacerdotes e as comunidades religiosas femininas algarvias com cerca de 7.500 euros. A Diocese do Algarve deverá ainda contribuir com cerca de 15.000 euros.
O largo da igreja deverá no próximo ano ser alvo de um arranjo, conforme avançou o presidente da Câmara de Alcoutim, aquando da assinatura do acordo com a DGAL. Osvaldo Gonçalves anunciou um “investimento superior a 100.000 euros” na “zona envolvente da igreja”. “Esse projeto, independentemente de termos ou não financiamento, é para avançar”, acrescentou na altura, explicando que a intervenção terá como objetivo “dar a dignidade que o espaço merece”.
Para além da igreja de Giões também o Complexo Social D. Manuel Madureira Dias do Centro Paroquial de Cachopo beneficiou de um apoio ao abrigo daquele programa para solucionar um problema nas juntas de dilatação do equipamento. A obra de quase 41 mil euros (valor sem IVA) recebeu comparticipação financeira de 20.465 euros, tendo os restantes 50% sido pagos pela Câmara Municipal de Tavira.
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