O cónego Mário de Sousa explicou hoje que os carismas, ministérios ou serviços têm na Igreja a dupla finalidade de “evangelização e edificação da comunidade e, consequentemente, da sua unidade”.

O sacerdote foi um dos formadores da Jornada de Pastoral Litúrgica que a Diocese do Algarve promoveu este sábado no Centro Pastoral de Pêra sobre o tema “Os ministérios numa Igreja sinodal”, através do Departamento Diocesano da Pastoral Litúrgica, e que contou com cerca de 90 participantes.
O formador advertiu mesmo que “se numa paróquia ou diocese, os ministérios não estão a contribuir para a evangelização e edificação da comunidade há qualquer coisa que tem de ser revisto”. “A comunhão de cada atividade, serviço ou ministério com o todo eclesial é condição imprescindível para a sua existência e continuidade ou não”, completou.

Sublinhando que os “ministérios têm um caráter temporal, cultural”, o sacerdote da diocese algarvia alertou que se os ministérios não dão resposta àquela dupla finalidade “devem desaparecer e devem surgir outros que sejam necessários neste tempo ou nesta cultura ou nesta realidade para que a Igreja exerça a sua principal missão: evangelizar”.
“São as necessidades e a prática da comunidade que levam à criação do serviço”, sustentou, deixando claro que “quando não há necessidade, não há razão de ser do ministério”. “Deus dá-nos os dons, mas só se exercem na medida em que correspondem a necessidades da comunidade”, explicou, referindo a “função relativa” e não absoluta dos ministérios e que “os carismas são discernidos e regulados pela autoridade apostólica”. O formador referiu que “o carisma é um dom relativo ao amor” e não um “dom absoluto”. “Está sempre em relação ao amor: a Deus, ao próprio e ao próximo”, especificou.

O cónego Mário de Sousa realçou assim que “o carisma concretiza-se nos ministérios, ou seja, nos serviços, sempre que eles se orientem não para bem do próprio, mas para a propagação e edificação do Evangelho”. “O fundamental é que todos os serviços são carisma. É um dom do Espírito Santo que é dado não para prestígio pessoal e para a satisfação das necessidades e protagonismos de cada um, mas para a edificação do único Corpo de Cristo”, afirmou, explicando que “o seu papel na edificação da comunidade” “é um critério fundamental no discernimento dos carismas”.

O biblista sublinhou que na valorização dos carismas, dos serviços e ministérios para a estruturação das comunidades “deve ser o Espírito a agir” e não feita por “fundamentação ideológica” como uma “sensibilidade eclesiológia”, uma “visão de Igreja” ou uma “sensibilidade pastoral”.
A edição deste ano da Jornada de Pastoral Litúrgica da Diocese do Algarve contou ainda com as intervenções do padre António de Freitas sobre “os ministérios laicais para uma Igreja ministerial” e do cónego Carlos de Aquino sobre a “espiritualidade litúrgica dos serviços e ministérios”, ambos sacerdotes da diocese algarvia. De tarde houve ainda duas formações, uma para leitores, cantores e acólitos orientada pelo cónego Carlos de Aquino e outra para catequistas orientada pelo padre Pedro Manuel, também presbítero da Igreja do Algarve.