São Brás de Alportel transformou-se no passado fim de semana na capital da juventude católica algarvia. Aquela vila do barrocal recebeu jovens vindos de quase todas as paróquias do Algarve para celebrar a Jornada Diocesana da Juventude (JDJ) que teve como tema, extraído do evangelho de São Lucas, “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39).
Acolhidos no pavilhão municipal José de Sousa Pires, onde pernoitaram de sábado para domingo, os cerca de 400 jovens e animadores foram saudados na oração da manhã pelo presidente da câmara municipal são-brasense que tinha uma mensagem especial para eles. “O futuro está nas vossas mãos e é com Jesus, nestes encontros de união e de partilha, que certamente vão arranjar energia para construírem um mundo melhor. Hoje temos grandes desafios pela frente: o desafio de construir paz na Europa e no mundo, da solidariedade, da igualdade e, acima de tudo, de criarmos um planeta melhor. Isso está tudo nas vossas mãos. Vocês, individualmente vão conseguir mudar o mundo, construir um mundo melhor”, afirmou Vitor Guerreiro.
Ainda na manhã do primeiro dia, os jovens tiveram oportunidade de aprofundar não só a sua caminhada de fé, mas também o conhecimento dos principais pontos de interesse turístico-culturais do município.
O encontro deste ano serviu também de rampa de lançamento para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que se realizará em Lisboa no próximo ano e permitiu aos jovens conhecerem se melhor uns aos outros e às motivações que os levam a querer estar presentes nesse encontro com o Papa.
Durante a tarde houve momentos de reflexão e discussão de temas diretamente relacionados com a dimensão cristã da sua vida diária, as implicações que têm sobre ela e as consequências que lhe conferem.
O testemunho da fé e o convite a outros jovens nas redes sociais para a participação na JMJ, esse que é o maior evento mundial de jovens, foi outra das propostas do primeiro dia.
Como banda sonora desse desafio foram escolhidas músicas comerciais ouvidas regularmente pela Juventude e os jovens foram ainda convidados a construírem orações com excertos das letras daquelas canções que contêm não só Mensagem cristã, mas também passagens do Evangelho sem que muitas vezes os seus ouvintes se deem conta disso.
A noite caiu animada pelo concerto da ‘Banda Missio’, vinda da Maia, ligada aos missionários combonianos, que ajudou a aquecer a fria noite de outono, uma presença repetida depois de terem estado na jornada de 2014.
Os jovens peregrinaram depois da escola Bernardo Passos à igreja matriz com a imagem daquela que é a sua intercessora junto de Deus e que, como disse o Papa Francisco na sua mensagem para esta 37ª JDJ celebrada a nível diocesano, “reabre para todos e em especial para os jovens, como ela, o caminho da proximidade e do encontro” e “é modelo dos jovens em movimento”.
O encontro do bispo do Algarve com os seus jovens ficou marcado pela mensagem que lhes transmitiu. Na Eucaristia a que presidiu, D. Manuel Quintas disse aos jovens que o tempo de Deus lhes confere valor já hoje e não apenas num futuro próximo. “É importante acolhermos este hoje de Deus, sermos hoje de Deus uns para os outros. Vi nas camisolas de alguns uma expressão do Papa Francisco: «somos o agora de Deus». É isto mesmo. Somos o hoje de Deus. É importante que todos nos consideremos, e a partir do batismo, o hoje de Deus, o agora de Deus. Os jovens não são o futuro, são o presente. São uma riqueza para hoje, não apenas no futuro”, afirmou, garantindo-lhes que eles são “importantes” nas suas comunidades “dominicalmente e não apenas quando há encontros de jovens”.
Lembrando que Maria – ao aceitar a “revolução” que lhe trouxe a “mensagem do anjo”, não ficou “perturbada, estonteada”, mas “acolheu esse projeto de Deus para ela como o melhor para a sua vida” – aquele responsável católico desafiou os jovens a fazer o mesmo. “Quando Deus vos dirige o seu convite não entreis em pânico, não fecheis os ouvidos, embarcai nesse projeto, não tenhais medo daquilo que Deus vos propõe. É preciso levantar-se apressadamente como é próprio dos jovens”, exortou.
D. Manuel Quintas desejou que o atual percurso rumo à JMJ 2023 ajudasse a “revitalizar mais” a fé e, sobretudo, a acolher Maria como “modelo de peregrinos na fé” e de “peregrinos da resposta” aos apelos de Deus.
A noite prosseguiu em adoração eucarística em ambiente de intimidade orante.
No domingo, os jovens participaram em catequeses sobre os patronos de JMJ, e sobre os temas ‘Economia de Francisco’, ‘Sinodalidade’ e ‘Casa Comum’.
Esta edição da JDJ marcou ainda o tão desejado regresso do encontro que nos últimos anos não se pôde realizar devido à Covid-19. “O ano passado estava tudo programado em Monchique, mas devido ao reavivar-se da pandemia foi necessário cancelar tudo”, lembrou D. Manuel Quintas na Missa, explicando que “quis o Papa Francisco que se passasse a celebrar a JDJ neste fim de semana e não no Domingo de Ramos como era habitual”, o que no Algarve aconteceu assim pela primeira vez.
Os participantes realçaram o sabor especial da retoma. “Todos os anos estávamos habituados a estar juntos, mas desde que a pandemia apareceu nunca mais tivemos essa possibilidade de estar em união e em família a conviver com Deus. Este ano estamos muito felizes por estar aqui”, declarou ao Folha do Domingo Nádia Martins da paróquia de Almancil. Aquela jovem considerou ainda o encontro “muito bom”. “Temos possibilidade de aprender mais, de saber mais sobre Deus e sobre o Papa Francisco também. Foi uma experiência bonita. Os meus colegas do 10º ano que estão prestes a fazer o Crisma também gostaram”, acrescentou.
O encontro serviu também de ensaio para aquela que será a participação algarvia na JMJ 2023. “Toda esta energia dos jovens do Algarve espero que se encontre também nos corações dos jovens de Portugal e também do resto do mundo”, afirmou Marcos Mestre, da paróquia de Quarteira, sobre o encontro mundial. Aquele jovem, que participou pela primeira vez na JDJ e espera participar também na sua primeira JMJ, disse esperar deste encontro “convívio”, mas também “conhecer outros jovens e novas culturas” e que seja um “momento de reflexão pessoal, de oração”. “Será o equilíbrio entre o aprofundar da fé e o conhecer outros jovens”, completou. Nádia Martins também disse querer participar porque, apesar de nunca ter participado em nenhuma JMJ, espera que seja “uma experiência única”.
A coordenadora do Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve confirmou que “para a JMJ muitos mais jovens estão a preparar-se”. “Vamos ter uma grande enchente a nível do Algarve para a JMJ e este foi o primeiro passo para esse grande encontro. Vê-se que os jovens estão com grande expectativa”, afirmou Vânia dos Santos, que considerou o encontro mundial “uma grande oportunidade para estes jovens perceberem o que é viver a fé com outros jovens de todo o mundo”.
A JDJ, promovida em colaboração pelo Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve em colaboração com a paróquia local e o Comité Organizador Diocesano da JMJ, terminou com o anúncio da paróquia que receberá a edição de 2023: Almancil.