Carlos Oliveira apelou, nas XII Jornadas de Ação Sóciocaritativa promovidas pela Diocese do Algarve no último sábado em Ferragudo, à “criação, funcionamento e qualificação” de um “serviço de ação social” em cada paróquia que promova o “sentido de responsabilidade” da comunidade para com aquele sector da pastoral.

Neste sentido, incentivou “os cristãos mais diretamente implicados no serviço da caridade a interpelarem o conjunto da comunidade, procurando responsabilizar todos os seus membros para uma progressiva consciência e busca de respostas para as verdadeiras necessidades” daqueles que precisam de ajuda. “Estamos em representação da comunidade paroquial. Não estamos fora dela”, evidenciou.

Aquele responsável apelou, por isso, à necessidade de “refletir, encontrar soluções e unir esforços” para “cultivar a esperança” porque “o egoísmo, a desilusão e o pessimismo não podem vingar” e aludiu à finalidade última daquele serviço que visa a criação de “meios para que cada pessoa possa caminhar por si”.

O presidente da Cáritas algarvia apelou a uma “intervenção na humanização das estruturas”, defendeu que “os que trabalham nas instituições caritativas da Igreja devem distinguir-se dos demais” por se dedicarem ao outro “com as atenções sugeridas pelo coração” e pediu atenção ao atendimento. “É preciso refletir sobre o tratamento mais adequado para enfrentarmos os problemas, dando as respostas prontas à verdadeira realidade observada”, sublinhou, considerando que as paróquias têm esta “missão”, mas é sobre o Estado que recai a “obrigação” de encontrar soluções.

O orador, que salientou que o serviço social paroquial “deve ser integrado por voluntários, bem como por representantes de instituições já existentes”, advertiu que “a ação sóciocaritativa não está visível por causa da crise”, porque já antes era praticada nas comunidades paroquiais. “Na continuidade e depois da crise estejamos, devidamente, organizados para não cairmos num vazio”, alertou.

Carlos Oliveira defendeu ainda o estabelecimento de “parcerias com outras instituições” e exortou ao “contributo dos cristãos” em “estruturas mais justas, transparentes, equitativas, livres e exigentes”.

Por fim, enumerou as competências e tarefas do grupo paroquial de ação social, considerou “indispensável” o tratamento estatístico dos dados do atendimento social e alertou que “não compete à Caritas a posse ou gestão de equipamentos sociais”.

O padre Carlos de Aquino, assistente da Cáritas algarvia, abordou a carta apostólica ‘Intima Ecclesiae Natura’ [A natureza íntima da Igreja] de Bento XVI, de novembro passado, garantindo que o seu objetivo é o de “fornecer um quadro normativo orgânico que sirva para ordenar melhor, nas suas linhas gerais, as diversas formas eclesiais organizadas do serviço da caridade”.

“O serviço da caridade é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua essência. A caridade não uma espécie de atividade de assistência social mas pertence à natureza íntima da Igreja que tem a sua fonte do amor em Deus”, citou o sacerdote, que comparou a caridade ao coração e a palavra e o culto aos pulmões, dimensões vitais para o funcionamento quer Igreja, quer do corpo humano.

O orador apelou ainda à “conversão das consciências” e à luta “contra a humilhação das pessoas da sua exclusão”.

Samuel Mendonça