Foto © Samuel Mendonça

O jornalista Joaquim Franco considera que o papa Francisco, na sua peregrinação à Cova da Iria no Centenário das Aparições, “veio acrescentar valor para a reflexão sobre a própria história de Fátima”.

“Isso é de uma coragem e ousadia que me parece singular”, afirmou na passada sexta-feira à noite em Tavira, na tertúlia inserida na atividade “Encontro com Autores” da Biblioteca Municipal, considerando que “era muito fácil” chegar a Fátima e “fazer mais do mesmo”.

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Joaquim Franco afirmou que Francisco “mergulhou em Fátima conhecedor do que se passa verdadeiramente em Fátima”, dos “dramas da própria experiência religiosa ou místico-religiosa que se vive em Fátima” e “muito respeitador da religiosidade popular, mas à maneira jesuíta, isto é, como instrumento e não como fim”.

O jornalista considerou que o papa veio “catequizar a experiência de Fátima”.

Joaquim Franco começou por se referir a um dos momentos mais marcantes da passagem de Francisco por Fátima: a oração do papa na capelinha das Aparições diante da imagem da Virgem Maria. “Quando aquele homem, diante de uma imagem escultórica, faz silêncio, não é ele só que está ali. É ele e todos os que estão com ele. E isto é algo que é raro, praticamente só a experiência religiosa é que o permite”, destacou.

“Mas a minha dúvida é esta: entre esse silêncio – que tanto «ruído» fez na nossa cabeça –, e a euforia verificada na chegada do papa, o que é que ficou? Ficou o conteúdo. E que conteúdo!”, prosseguiu, salientando que Francisco “tem uma narrativa de persistência” que esteve bem patente em Fátima.

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Desse conteúdo, Joaquim Franco destacou, entre outras intervenções, a homilia de dia 13 de maio que considerou “um «monumento»” porque “o papa volta a pegar nas narrativas de Fátima e volta a tocar naquilo que parece fundamental”.

Referindo-se à necessidade de sempre de “reencontrar um rosto feminino na experiência de Deus” existente nos “lugares de devoção mariana”, o jornalista lembrou que o papa, “sem negar o alicerce evangélico que se quer construir a partir de Fátima”, se referiu àquele santuário como “um lugar alto de procura e de sentido onde qualquer um, através desse rosto feminino da experiência do supremo, se pode reencontrar”. “Isto é fenomenal”, considerou, Joaquim Franco, lembrando que o “contexto maternal da fé é reencontrado em Fátima em contexto católico, mas não só”.