Diversos jovens e animadores juvenis testemunharam ao Folha do Domingo que a participação na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa teve consequências concretas na vida dos grupos das paróquias algarvias.
Na Jornada Diocesana da Juventude (JDJ), que decorreu no último sábado, na paróquia de Almancil, Afonso Guerreiro, Gonçalo Sousa e Maria Marques explicaram que uma dessas consequências foi mesmo a criação do grupo de jovens das paróquias do concelho de Lagos de que fazem parte.
“Na JMJ não tínhamos, propriamente, um grupo ainda criado. Muitos dos jovens que foram à jornada terminaram o seu percurso de catequese e fizeram o Crisma. Então, tomámos a iniciativa de criar um grupo de jovens para darmos continuidade a esta caminhada”, conta Maria Marques, entrevistada pelo colega Afonso Guerreiro, tal como Gonçalo Sousa.
Considerando que “a criação do grupo de jovens é um grande fruto da jornada” de Lisboa, Gonçalo Sousa, acrescenta que “era algo que já era sonhado há muito tempo” naquelas comunidades. “Agora, finalmente, estamos a conseguir estruturá-lo de forma mais sólida porque também temos jovens motivados para tal. Esse é o maior impacto que temos para o futuro: jovens com esse sentido de missão e essa motivação para levarem isto para a frente”, sustenta.
Gonçalo considera que “o primeiro passo é ouvir os jovens, perceber o que é que eles querem fazer, como é que querem estruturar o grupo porque o grupo é para os jovens e é para ser dinamizado por eles”. “E a partir daí, começar a construir com base naquilo que eles querem e com base naquilo que eles também vão propondo”, desenvolve.
Maria refere ainda que o novo grupo pode ser uma “forma positiva” de mostrar que a Igreja não tem uma “mentalidade antiquada”. “Nós podemos mostrar isso aos outros jovens”, afirma, considerando que que “todas as opiniões são válidas” porque isso fará o grupo crescer.
As animadoras Ana Mira e Patrícia Brito, da paróquia de Vila Real de Santo António, que participaram no encontro de Lisboa com o Papa num grupo de 33 elementos com as paróquias de Altura, Cacela e Monte Gordo, referem que os jovens “ficaram muito sensibilizados” e “estão muito despertos agora”, “mais vivos para participar nas iniciativas” e “mais ativos”. “É uma idade em que é importante picá-los para continuarem a crescer na fé”, relatam, acrescentando que agora “estão sempre a perguntar quando é que haverá mais atividades”.
Sobre a participação na JMJ contam ter havido “uma grande união” e que os participantes “sentiram aquilo que estavam a viver”. “Tivemos pontos muito altos. Um deles foi quando o Santo Padre passou na rotunda do Marquês. Nós estávamos mesmo colados às grades e para eles foi um momento único. Também a Via Sacra. Quando terminou, abraçaram-se uns aos outros e estavam mesmo felizes”, testemunham, acrescentando que os jovens “começaram a unir-se e a apoiar-se muito uns aos outros”. “Perceberam que não estavam sozinhos, que afinal há mais jovens que têm fé. Estavam muito espantados de verem tantos jovens, tanta gente, todos juntos pelo mesmo motivo: Jesus Cristo”, explicam.
Também a animadora Lurdes Cristóvão, da paróquia de Pêra, garantiu que os jovens estão mais proativos em relação às atividades. “Não sou eu que tenho de ir ao encontro deles para os motivar, são eles que me dizem que querem participar”, contou, considerando que também “estão mais abertos a falar com todos os jovens e querem viver verdadeiramente em comunidade”.
Aquela responsável refere que a participação dos oito elementos na JMJ os deixou de “coração cheio”. “O momento que lhes encheu mais a alma foi a adoração ao Santíssimo”, conta, acrescentando que o silêncio e a “paz interior” foram os aspetos que mais os tocaram.
Já Cláudia Martins, da paróquia do Montenegro, que participou com mais 20 elementos na JMJ, refere que a “expectativa muito grande” “foi alcançada”. “Vivemos a jornada em união e fez com que o grupo se unisse ainda mais”, conta, explicando que o encontro ajudou aqueles jovens a perceber que “os jovens têm voz na Igreja”. “Como temos voz, não devemos ter medo de participar nas atividades e ajudar a paróquia”, acrescentou.
Cerca de 1.000 jovens e animadores participaram na JMJ em Lisboa em agosto passado, inscritos pela Diocese do Algarve. Na JDJ do passado sábado, os animadores e responsáveis dos grupos juvenis tiveram oportunidade de avaliar essa participação e apontar as suas principais consequências.