No Jubileu das Pessoas com Deficiência, o assistente do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD) da Diocese do Algarve, lembrou que todos os seres humanos são “acolhidos no «coração» de Deus, onde não há lugar a nenhuma espécie de sombra, de discriminação”.
O cónego Joaquim Nunes apresentou uma reflexão sobre o tema “Acolhidos no coração de Deus” no encontro, realizado ontem na paróquia das Ferreiras (concelho de Albufeira), que contou com a presença de cerca de 100 participantes, oriundos de várias instituições e paróquias algarvias.
“Deus conhece-me de tal maneira que nunca hesitou em abraçar-me, acolher e em «levar-me ao colo»”, testemunhou o sacerdote, também ele portador de uma limitação motora motivada pela doença de esclerose múltipla.
O sacerdote, que explicou que jubileu significa “júbilo” e remete para uma “alegria profunda”, lamentou a deturpação da palavra misericórdia, tantas vezes manifestada como menosprezo pelo portador de deficiência. “A misericórdia com que Deus olha para nós não tem nada a ver com a deturpação com que alterámos o valor e a verdade da palavra”, clarificou.
Lembrando que “a situação da pessoa com deficiência levanta sempre muitas perplexidades”, o orador constatou que no tempo de Jesus esta realidade “era vista como resultado do pecado, do próprio ou dos pais”. “Era uma marca pesadíssima que se herdava”, afirmou, acrescentando que “as pessoas com deficiência são aquelas onde a luminosidade do amor de Deus se pode manifestar de uma forma especialíssima”.
“A fé ilumina e dá sentido a todas as dimensões e realidades da nossa vida e manifesta-se de uma forma mais intensa e luminosa nas situações de fragilidade. A fé, que nos toca quando estamos muito bem, tem a mesma vitalidade quando temos dificuldades e ajuda-nos e orienta-nos nessa situação”, sustentou, explicando que Jesus se identifica com “os mais frágeis, os mais «pequenos»”. “Jesus disfarça-se no mais pobre do mais pobre”, complementou.