O Jubileu dos Migrantes e Refugiados – promovido no passado domingo, 28 de setembro, por representantes das comunidades de imigrantes dos concelhos de Faro e Loulé em parceria com a Câmara de Loulé e com a Diocese do Algarve – teve início com a celebração da Eucaristia presidida pelo bispo do Algarve, em Loulé, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como «Mãe Soberana».

O Encontro dos Povos Migrantes, que ocorre anualmente há 25 anos, promovido por aquelas entidades em torno do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado – uma data instituída e celebrada pela Igreja Católica – e que pretende promover a integração e celebração das diversas culturas presentes na região, foi este ano reconvertido naquela iniciativa que teve como tema “Peregrinos da Esperança”.

Para além dos participantes de Portugal, a Eucaristia, a cargo do Secretariado da Mobilidade Humana da Diocese do Algarve, contou com a participação de imigrantes da África do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, Canadá, China, Cuba, Escócia, Estados Unidos da América, França, Guiné-Bissau, Inglaterra, Itália, Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo, Roménia, São Tomé e Príncipe, Suíça, Timor-Leste, Ucrânia e Venezuela.

Na celebração, o bispo do Algarve referiu-se à mensagem do Papa Leão XIV para o 111º Dia Mundial do Migrante e Refugiado – que se assinala este fim de semana de 04 e 05 de outubro por ocasião do Jubileu do Migrante e do Mundo Missionário – considerando os migrantes como “mensageiros da esperança”. “Num mundo com guerras e injustiças, os migrantes são testemunhas da esperança, da fé e da capacidade de suportar as adversidades, confiando em Deus”, afirmou D. Manuel Quintas, lembrando ser “certamente a busca da felicidade – e a expetativa de a encontrar noutro lugar – uma das principais motivações da mobilidade humana contemporânea”. “A ligação migração e esperança explica a razão do crescimento do movimento migratório”, sustentou.

“Num mundo obscurecido por guerras e injustiças, mesmo onde tudo parece perdido, os migrantes e refugiados erguem-se como mensageiros de esperança: coragem e tenacidade são testemunho heróico duma fé que vê para além do que a vista alcança e lhes dá força até para enfrentar a morte em tantas rotas migratórias”, prosseguiu, acrescentando que “hoje os migrantes e refugiados católicos são convidados a ser missionários de esperança nos países que os acolhem”, dando “testemunho de Cristo e do Evangelho” e “promovendo o diálogo ecuménico ou inter-religioso”.

D. Manuel Quintas considerou que nas paróquias “a sua presença deve ser reconhecida e apreciada como verdadeira bênção divina, que dá nova energia e esperança” à Igreja. “Eles testemunham e transmitem a fé às comunidades de acolhimento, tornando-se missionários da esperança e iluminando novos caminhos de fé. É fundamental caminhar juntos com os mais vulneráveis, construindo pontes e reconhecendo que todos somos um povo peregrino a caminho da nossa verdadeira pátria: o Reino dos Céus”, completou, acrescentando ser “preciso reconhecer no migrante, especialmente no mais pobre e necessitado, o próprio Cristo que bate à porta, não apenas um irmão em dificuldade”.

O bispo diocesano sugeriu mesmo que “a comunidade, paróquia e diocese”, possam “percorrer a estrada juntos”, “envolvendo todos”, “como as «periferias existenciais»”. “As comunidades que os acolhem também devem ser um testemunho vivo de esperança, entendida como promessa de um presente e de um futuro em que seja reconhecida a dignidade de todos como filhos de Deus. Dessa forma, os migrantes e refugiados são reconhecidos como irmãos e irmãs, parte de uma família em que podem expressar os seus talentos e participar plenamente na vida comunitária”, complementou.

D. Manuel Quintas disse ainda que o Papa convida a reconhecer os migrantes como “oportunidades para a Igreja, valorizando a importância da hospitalidade, da fraternidade e da solidariedade para a construção de um futuro mais justo para todos”.

A festa, participada por representações oficiais de alguns países e de autoridades e associações locais, teve continuidade com o almoço com diversos sabores gastronómicos partilhados pelos participantes e o convívio no salão de festas da Câmara Municipal de Loulé.