Quem há aí que não tenha esbarrado, mais do que uma vez, com essa teia complicada de mil tentáculos que nos enrola, que nos amarfanha, nos irrita e nos desespera e que se chama burocracia?!…
Iniciam-se reformas, prometem-se simplificações mas, na prática, continuam os mesmos empecilhos que afligem e mortificam bastante o cidadão comum que somos todos nós.
Entra-se nesta ou naquela Repartição para se obter uma simples informação que, se implica consultar dados, examinar estatísticas ou documentos, logo nos confrontamos com o primeiro obstáculo: não, não podemos mostrar nada, não podemos informar nada, tem que fazer um requerimento.
E não há outro remédio senão ir à cata de uma folha de papel e lá se perde, deste modo, um precioso tempo e assim, das tarefas programadas para essa manhã ou essa tarde, apenas se iniciou a resolução de uma…
E que dizer dos múltiplos papéis das duplicações de atestados e certidões, para não falarmos já nas demoras havidas para determinados requerimentos obterem o respectivo despacho!…
É um quebra cabeças, quando o cidadão pacato e até cumpridor de todos os seus deveres cívicos se encontra a braços com esta ou aquele problema que envolva a malfadada máquina burocrática!…
Muitas vezes, anda-se num autêntico rodopio de Caifás para Anás de Pilatos para Herodes e, no fim de contas, para se obter uma simples informação…
É desesperante também o tempo que se perde aos balcões ou às portinhas de muitas Repartições, onde alguns funcionários se esquecem que estão ali para servir o público e para o servir bem, nem outra coisa se deveria esperar senão a inteira disponibilidade para atender, com o devido respeito qualquer que seja o cidadão que ali se dirige para obter os serviços e as informações de que necessita.
Graças a Deus, por um lado, já vão aparecendo, em algumas Repartições, funcionários competentes e delicados, atenciosos e solícitos, mas, infelizmente, pelo outro, abundam os que se consideram senhores e donos das Repartições onde trabalham e, estão, se lhes aparece algum utente que desconhecem, que não são das suas relações, olham-no com sobranceria e até com certo desprezo e falam-lhe do alto da sua «prepotência» de tal modo que o pobre coitado, se é tímido ou não sabe que a obrigação do funcionário e atendê-lo como convém, para ali fica fulminado pelo pesado pseudo-saber daquele burocrata de meia tigela…
É caso para clamarmos bem alto: para quando a simplificação dos processos da administração pública?
Para quando a redução de tempo e de espera?
Para quando a eliminação de tantos papéis desnecessários?
Para quando a criação de um clima de confiança onde se verifique a responsabilidade acolhedora e se estabeleça um relacionamento humano autêntico?
A burocracia irracional tem de acabar porque ela só existe para servir o homem e servi-lo bem.
Caso contrário, pois, que morra a burocracia.