Na sua mensagem para o Natal deste ano, intitulada «Precisamos de pontes, não de muros», o bispo do Algarve evoca o drama dos migrantes e dos refugiados, lembrando a todos que são “chamados a ser pontes no acolhimento de quem é diferente”, “cada um a seu modo e dentro do âmbito em que vive e trabalha”.

Na mensagem dirigida aos diocesanos e a quantos, em tempo de Natal, sentem “um apelo mais forte à construção da verdadeira fraternidade humana”, D. Manuel Quintas refere ter-se inspirado na “imagem recorrente do Papa Francisco – precisamos de pontes, não de muros –, acompanhada pela afirmação de que Cristo é O que constrói em Si mesmo a grande ponte de comunhão plena com o Pai e entre toda a humanidade, realidade que o Natal recorda e celebra”.

O bispo diocesano considera que o “apelo do Papa Francisco adquire reconhecida atualidade neste tempo, à luz das imagens recentes sobre a construção de muros (betão, ou arame farpado), em diversos países, para impedir migrantes e refugiados de fugir a uma sucessão interminável de guerras, conflitos, genocídios, «limpezas étnicas», que continuam a persistir” no tempo atual.

“As pontes abrem-nos aos outros e ao mundo. Os muros limitam a liberdade, anulam os sonhos, obrigam-nos a viver como prisioneiros em celas construídas por nós próprios”, começa por escrever, acrescentando que “celebrar o Natal deve constituir para todos uma oportunidade para assumir a decisão de abater toda a espécie de muros, unir margens, comunicar, construir pontes, estabelecer uma relação com quem é diferente”, “pela língua, cultura, religião” e para “acolher e partilhar realidades novas, construir a fraternidade em todas as direções”.

D. Manuel Quintas reconhece a “complexidade deste problema”, considerando que “nenhum país, mesmo com as melhores condições, tem a capacidade e a possibilidade de o resolver sozinho, face à sua urgência e amplitude, na procura de uma resposta que crie as condições exigidas para acompanhar, promover, integrar quantos procuram uma vida melhor”.

O bispo do Algarve refere ainda que a fraternidade “é dom de Deus dado aos homens, para os tornar capazes de se acolherem e amarem uns aos outros, construindo um mundo mais justo para todos”. “Esta fraternidade é consequência da conversão do coração, não se baseando unicamente numa igualdade de direitos. Dela nasce a amizade social, que se traduz no compromisso pessoal em construir um mundo mais fraterno. Importa, como tal, assumirmo-nos como protagonistas empenhados na transformação da realidade que nos circunda”, alerta.

Por fim, D. Manuel Quintas convida a prosseguir “destruindo barreiras, curando medos e desfazendo preconceitos”, mas, sobretudo, exorta a todos a que se transformem em “construtores de pontes”, “capazes de acolher e socorrer os mais frágeis de todas as origens e proveniências”, “ter comportamentos cívicos responsáveis, em tempo de agravamento da crise pandémica” e a “ser semeadores de esperança e testemunhas da alegria”.