
O bispo do Algarve, na sua mensagem natalícia para este ano – escrita no passado sábado, seguindo a primeira exortação apostólica do Papa Francisco, ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho) –, destaca que a celebração do Natal renova a “corresponsabilização” pelos outros.
“A celebração do Natal (…) vem renovar em todos nós a corresponsabilização pessoal e social pelo nosso semelhante”, escreve D. Manuel Quintas, advertindo que, se o “apelo à vivência dos valores associados a esta quadra natalícia, ultrapassa o âmbito de quantos acolhem e seguem a mensagem de Cristo, esta atitude deve refletir-se permanentemente na vida e no testemunho pessoal de cada cristão”.
No texto, intitulado por uma expressão extraída da exortação apostólica papal – “A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo” (GE 88) –, o prelado justifica o seguimento daquele documento, considerando que o mesmo, “ao apontar «caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos», destaca, de diferentes modos”, “o espírito mais genuíno desta quadra festiva”.
Neste sentido, o bispo do Algarve cita Francisco para salientar que, “na sua encarnação, o Filho de Deus” convidou à “revolução da ternura”. “O movimento, contínuo e sem retrocesso, de Deus para a humanidade, que o Natal cada ano evoca e celebra, constitui apelo contínuo «a superar a suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes defensivas que nos impõe o mundo atual»”, escreve D. Manuel Quintas no documento tornado público esta manhã pela Diocese do Algarve no seu sítio na internet, lembrando que o Evangelho convida sempre a “abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado”.
O bispo do Algarve lembra que os votos mutuamente formulados nesta altura do ano implicam um compromisso que não pode se limitar a esta quadra. “A alegria e a paz dos votos natalícios, que mutuamente nos formulamos, devem comprometer-nos a ser «dom para os outros», à semelhança de um Deus-connosco que se faz «dom para nós». Acolher e encontrar Cristo que «vem ao nosso encontro, em cada homem e em cada tempo, para que o recebamos na fé e no amor» é a decisão que somos chamados a assumir em cada Natal, conscientes de que a intensificação do testemunho da caridade não pode limitar-se a esta quadra festiva, nem ocasionalmente a tempos de crise”, escreve.
D. Manuel Quintas, que deseja a todos “um Feliz Natal vivido na procura e no «acolhimento d’Aquele que vem»”, confia ainda a Nossa Senhora o novo ano que se inicia na próxima semana.