D. Manuel Quintas diz lembra que “a conversão pessoal será tanto mais autêntica, quanto mais se inspirar na escuta mais prolongada da Palavra de Deus e na resposta aos seus apelos; no encontro pessoal e mais íntimo com Cristo, pela oração; na partilha solidária e fraterna com os mais necessitados”.
Por outro lado, o prelado manifesta a preocupação com a actual conjuntura sócio-económica e financeira. “Continuamos mergulhados numa crise que tarda em passar, se bem que o seu fim tenha sido anunciado por diversas vezes. As suas consequências continuam a fazer-se sentir com o aumento do desemprego, inclusivamente entre nós, e o consequente reflexo no seio de inúmeras famílias”, adverte.
Neste contexto, o Bispo do Algarve informa que “o fundo diocesano criado com a renúncia quaresmal de 2009, tem sido aplicado integralmente pela Diocese, sobretudo no apoio às famílias atingidas pelo desemprego, com o objectivo de minorar os efeitos desta crise”.
Referindo-se ao destino já anunciado das renúncias quaresmais para o Haiti, manifesta que o mesmo “corresponde ao desejo e ao sentir do povo algarvio que, de muitos modos e através de diversas instituições, vem já demonstrando a sua generosidade”.
A anunciada visita do Papa este ano a Portugal também não é esquecida por D. Manuel Quintas. O Bispo diocesano propõe à Igreja algarvia que usufrua da sua presença e da mensagem que lhe vai dirigir e aos diocesanos exorta a que acolham e meditem “na sua oportuna mensagem para esta Quaresma”, da qual salienta alguns aspectos.
Baseado em Bento XVI, D. Manuel Quintas lembra que “a necessidade mais profunda do ser humano não lhe pode ser dada pela «justiça distributiva»”. “Os bens materiais são, naturalmente, úteis e necessários e devemos lutar contra a «indiferença» que continua a condenar «centenas de milhões de seres humanos à morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos»”, refere, sublinhando que o homem, “mais do que pão, o ser humano precisa sobretudo de Deus”.
“Também não podemos cair na ilusão, provocada por um modo ingénuo e míope de pensar, que bastaria remover as causas externas que impedem a actuação da justiça, para acabar com o mal no mundo”, complementa, lembrando que “«a injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem»”.
O Bispo do Algarve destaca, a propósito, que “a Quaresma é o tempo propício para libertar o coração”.
“É fortalecido por esta experiência que «o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor»”, conclui D. Manuel Quintas.
Hoje o Bispo do Algarve preside às 21h, na Sé Catedral de Faro, à Eucaristia de imposição das cinzas, que marca o início da Quaresma.
Samuel Mendonça
Mensagem Quaresmal do Bispo do Algarve disponivel aqui