Cerca de 50 estudantes, professores e funcionários da Universidade do Algarve (UAlg) participaram na passada terça-feira na missa de preparação para o Natal, promovida pela Capelania da academia, que teve lugar em Faro, na igreja de Nossa Senhora do Carmo.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A celebração, que contou também com a presença do reitor Paulo Águas, ficou marcada pelo gesto dos participantes que trouxeram um produto alimentar não perecível, contribuindo para a recolha solidária para as vítimas de crise provocada pela pandemia.

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“O que está aqui é simbólico de uma recolha que foi feita. Cada pessoa trouxe algo que vai ser entregue aos mais necessitados da nossa cidade. Temos feito uma grande campanha e tem sido extraordinário. Aqueles necessitados que durante o ano inteiro nos batem à porta, este ano vão ter uma refeição mais fortalecida e vocês estão a participar nisso”, explicou o capelão da Universidade do Algarve, mostrando o cesto entregue no ofertório da eucaristia a que presidiu.

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O cónego César Chantre desafiou ainda os presentes a “levantar a cabeça mesmo com sofrimento”. “Sorrir mesmo em presença de grandes mistérios como aquele que estamos a atravessar, mistérios que surgem da Criação, que abalam quase o nosso equilíbrio – a pandemia –, mas que temos a certeza que vai ser ultrapassada. Sempre assim foi na história”, prosseguiu, pedindo aos estudantes que sejam “alegres”.

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“Não permitam que na vossa universidade se desviem do princípio do equilíbrio da espécie. Isso significa ter alma, espírito, valores, capacidade de arrependimento, de perdoar, de abraçar, sorrir. Sede alegres. Um cristão devia ser sempre alegre, mesmo quando chora”, afirmou.

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O sacerdote exortou ainda ao “arrependimento”. “Só os grandes de alma se arrependem. Os presunçosos, orgulhosos, vaidosos, não se arrependem porque não precisam”, referiu, acrescentando que “Jesus veio para os pequeninos, isto é, para aqueles que têm um coração doce, amável, para aqueles que têm capacidade de se arrependerem”.

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Nesse sentido considerou que “a questão do arrependimento é um dos problemas graves de todos os tempos”, mas, particularmente, do tempo presente. “Estamos numa sociedade rude, agreste, acutilante, acusatória. Parece que estamos a ser educados para acusarmos. Não estamos a ser educados para o arrependimento e para o perdão. Todo nosso sistema filosófico ocidental está a ser minado por esta não filosofia reinante: acusar o outro, «destruí-lo» e depois fazer-lhe um grande «funeral»”, lamentou.

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“Estou perante aqueles que vão conduzir o planeta, aqueles que vão corrigir os desmandos das gerações anteriores e o maior desmando está na educação. Como educar? Para a acusação ou para o arrependimento? Para a zanga ou para o perdão?”, interrogou, dando os parabéns aos alunos “por terem tido a coragem de pedir para que, no meio do Advento, houvesse este encontro celebrativo”. “Senhor reitor, quem tem um punhado de estudantes assim, vai longe”, disse a Paulo Águas.

A terminar, apelou ainda aos participantes que reflitam acerca desta época festiva. “Que fizemos ao Natal? Qual foi o Natal que nos impingiram nos últimos decénios? Foi o Natal do Menino ou o Natal comercial? Foi o Natal que São Nicolau viveu (6 de dezembro) ou foi o Natal que a ‘Coca-cola’ desenvolveu a partir de São Nicolau? Meditemos nisto para que o nosso Natal possa ser o Natal do Menino”, interpelou.