A ‘Missão País’ de alunos do Instituto Superior Técnico de Lisboa regressa a Monchique e a Sagres e Vila do Bispo.
A semana do voluntariado estudantil será a mesma, de 27 deste mês a 6 de março, e constituirá em ambos os casos o terceiro e último ano do triénio missionário. O primeiro teve lugar em 2019 e o segundo em 2020, mesmo antes do primeiro confinamento. O ano passado decorreu uma edição em formato online, através de canais digitais – que no caso de Monchique foi realizada apenas entre os voluntários e que no de Sagres e Vila do Bispo incluiu também algumas atividades com a comunidade e com os utentes do lar da Santa Casa da Misericórdia – mas que não contou como segundo ano.
Ambas as missões contarão este ano com 44 participantes, incluindo os oito chefes e um responsável pela comunidade ‘Just a Change’ (que se ocupa de pequenas obras e melhoramentos em casas de pessoas necessitadas dos mesmos). No caso de Monchique, os estudantes serão acompanhados pelo padre Francisco Molho, da Diocese de Beja, e no caso de Sagres e Vila do Bispo pelo padre Diogo Maleitas Correia, pároco de São Pedro, São Sebastião e Nossa Senhora da Ajuda de Peniche, Diocese de Lisboa.
Um dos dois chefes gerais da edição deste ano em Monchique contou ao Folha do Domingo que as inscrições superaram “largamente” o número de vagas. “Tivemos mais inscrições do que nos anos anteriores. Temos não só as pessoas que já faziam missões no tempo em que era presencial, mas também aqueles que entraram o ano passado na universidade e ainda não participaram numa ‘Missão País’ presencial e também aqueles que entraram este ano na universidade”, acrescentou Francisco Dores.
“Tanto nós, missionários, como a comunidade de Monchique estamos bastante ansiosos de poder voltar a estar juntos e isso levou também a que houvesse mais inscrições”, completou ainda aquele responsável, acrescentando que têm sido “sempre bastante bem acolhidos”.
Francisco Dores, que assume a chefia geral com Maria João Almeida, garante que a comunidade de Monchique está “muito mais aberta” à presença dos missionários. “As pessoas já participam muito mais nas atividades que propomos. O nosso objetivo é que a própria comunidade, ao fim deste terceiro ano, continue também ela este caminho de fé”, sustenta.
“A beleza e a magia da ‘Missão País’ é que desde o primeiro momento e desde o primeiro ano conseguimos sentir a transformação não só na comunidade, mas também em nós missionários”, refere.
A edição deste ano da ‘Missão País’, sob o lema ‘Coragem! Levanta-te que Ele chama!’, está a ser marcada pela adaptação às contingências da pandemia. Para além da redução dos participantes, todos deverão apresentar obrigatoriamente certificado digital de vacinação ou de recuperação da doença de Covid-19 e serão testados antes do início da missão e a meio da semana. Em caso de surgir algum caso positivo entre os voluntários durante a missão, a mesma será imediatamente encerrada.
Relativamente às atividades com a população também elas serão adaptadas à nova realidade. “Nas escolas é muito fácil, em vez de entrarmos podemos fazer nos pátios. Mas deram-nos liberdade, enquanto os chefes, para contactarmos as instituições e percebermos qual é o grau de abertura que cada uma delas tem para nos acolherem. A indicação que nos deram é para tentar reduzir ao máximo o risco e, por isso, mesmo havendo abertura vamos evitar fazer no interior”, explicou Francisco Dores, acrescentando que no contato com a comunidade usarão sempre máscara.
O pároco de Monchique contou ao Folha do Domingo que a ‘Missão País’ tem vindo a motivar para se continuar um trabalho semelhante na paróquia. “As pessoas gostam muito deles e isso tem aberto perspetivas para se poder fazer outras coisas na paróquia como a criação de grupos para visitas ao domicílio”, adiantou o padre Tiago Veríssimo, acrescentando que “os jovens e os seus catequistas têm o desejo de ir visitar doentes”. “A pandemia ainda não o permitiu, mas há o desejo e projetos”, assegurou.
Já o pároco de Sagres e Vila do Bispo testemunha que os efeitos da iniciativa não se conseguem ainda ver naquelas paróquias. “Os frutos que deixa não são ainda visíveis, mas de certeza que fica sempre uma sementinha e qualquer coisa que poderá depois ser eventualmente aproveitada”, refere o padre José Chula, acrescentando, no entanto, que o envolvimento gerado durante a semana de voluntariado “tem sido muito bom”.
Um dos dois chefes gerais da missão em Sagres e Vila do Bispo diz que “as expectativas estão muito altas”, tendo em conta que será o último ano. “Queremos superar as expectativas para deixarmos uma boa imagem do que a ‘Missão País’ representa”, afirmou ao Folha do Domingo Pedro Rodrigues, que partilhará a chefia geral com Inês Proa. Aquele responsável conta ter havido 314 candidaturas a nível nacional que incluíram a opção da missão de Sagres.
Em relação à necessária adaptação ao contexto pandémico, o estudante adianta que “tudo indica” que vão poder fazer as atividades no lar. “Vamos procurar que possam missionar no lar apenas estudantes com certificado de recuperação [da doença de Covid-19] para tentar proteger os utentes”, referiu, acrescentando que outro plano passa por realizar as dinâmicas ao ar livre.
Nas escolas, diz que deverão poder entrar nas salas, mas as atividades com os alunos serão sobretudo realizadas no exterior durante os intervalos das aulas.
Pedro Rodrigues explica ainda que costumam ter um jantar em casa dos habitantes locais que este ano não será realizado “para não estar a correr riscos”.
A ‘Missão País’ é uma iniciativa universitária que começou com estudantes ligados ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, com 20 jovens, em 2003, e que se organiza e desenvolve a partir de várias faculdades de Portugal. Nela participam jovens de todos os credos e também quem não professa nenhuma religião. São semanas de apostolado e de ação social que decorrem durante três anos consecutivos no período de interrupção de aulas entre o primeiro e o segundo semestres, divididas em três dimensões complementares – externa, interna e pessoal – em que o primeiro ano consiste no “acolhimento”, o segundo na “transformação e o terceiro no “envio”.
No caso do Algarve, a região acolherá este ano quatro das 63 missões que decorrerão por todo o país. Para além das missões de Monchique e de Sagres e Vila do Bispo, regressarão ainda as missões de Alcoutim, de 20 a 27 deste mês, e será iniciada outra em Boliqueime, também de 27 de fevereiro a 6 de março.