Em comunicado, o movimento considera “ilegal e inaceitável” a proibição de entrada de veículos de não-residentes na Praia de Faro durante o verão porque, além de contrariar um “direito histórico”, “vai matar” os restaurantes, bares e comércio e “mantém a ponte como obstáculo à circulação de barcos de pesca, passeios turísticos e desportivos em toda a extensão da Ria”.

O movimento liderado por José Vitorino, ex presidente da Câmara de Faro, sustenta que o anteprojeto apresentado ontem, “vivamente apoiado pelo Eng. Macário Correia e pelo PS, é um ato de publicidade enganosa, perigoso, irresponsável e violador de direitos fundamentais da população”, porque a Praia de Faro “não é um condomínio fechado”.

Segundo a apresentação de ontem na Câmara Municipal de Faro, o projeto prevê a construção de uma nova ponte, melhoria dos acessos à praia e construção de um parque de estacionamento exterior com 925 lugares. Nesta apresentação, Macário Correia admitiu a possibilidade de os lugares na ilha virem a ser pagos no futuro, já que o objetivo é condicionar o estacionamento na ilha e permitir uma maior rotação de veículos, dando prioridade a residentes e comerciantes e aos que preferirem deslocar-se a pé ou de bicicleta.

“Há estudos nesse sentido, que reputo com alguma qualidade”, afirmou Macário Correia, assegurando ainda que não há qualquer decisão tomada nesse sentido e que, a acontecer, os residentes continuarão a ter estacionamento gratuito. Já o estacionamento exterior agora projetado será livre de parquímetros e terá uma ligação à praia através de transportes públicos.

Mas para o movimento CFC, "por detrás de bonitas imagens, a proposta de uma ponte só com uma faixa rodoviária, um tabuleiro baixo e a proibição de entradas de veículos nos meses de verão a não residentes, é ilegal e inaceitável".

De acordo com o CFC, o "desejo e direito" da população farense "é uma nova ponte para a Ilha (duas faixas para viaturas, mais ciclovia e pedonal), com controlo de entradas e estacionamento exterior".

O movimento classifica de "macabro" o plano da Câmara para a praia de Faro, porque implica "a expulsão dos pescadores que povoaram a ilha em 1890; demolição de cerca de meio milhar de casas; e proibição de acesso de carros à Ilha".

O CFC recorda que sempre defendeu o controlo e condicionamento no acesso à ilha e utilização do espaço, o que se faz facilmente por meios eletrónicos, mas argumenta que o projeto atual "atenta contra os direitos das pessoas", porque prescreve "a proibição total para quem lá não reside, ferindo o princípio legal e constitucional da proporcionalidade, além de haver discriminação".

Liliana Lourencinho com Lusa