Foto © Samuel Mendonça
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Cerca de 80 cursistas de vários pontos do Algarve participaram no passado dia 20 de junho na ultreia do Movimento dos Cursos de Cristandade (MCC) na diocese algarvia, promovida em Moncarapacho.

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O MCC é um movimento de leigos (não clérigos ou consagrados) da Igreja Católica que propõe uma vivência de vida segundo os fundamentos da fé. Depois da participação num curso ou cursilho (termo adaptado do original espanhol) de três dias e meio, os fiéis são convidados a continuar a caminhar em grupo, nas comunidades, realizando encontros (ultreias) onde partilham as suas experiências de fé.

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A ultreia diocesana, que teve lugar na Santa Casa da Misericórdia de Moncarapacho, ficou marcada pelo testemunho (rolho) do casal cursista Cesariano e Noélia Martins, da paróquia da Fuseta. Ele realizou o curso em 2006 e ela apenas sete anos depois.

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Casados há quase 27 anos, Cesariano e Noélia têm dois filhos, o Édi e o Fábio, este último com autismo, e colaboram na sua paróquia como catequistas de jovens. Cesariano pertence também ao coro paroquial. Na Diocese do Algarve, e para além do MCC, pertencem também à equipa do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência que está a ser implementado e colaboram igualmente com a Associação de Autismo do Algarve.

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A intervenção do casal da Fuseta dividiu-se em três partes: a primeira aludiu à sua vida de solteiros, a segunda referiu-se ao tempo depois do casamento até realizarem o Curso de Cristandade e a terceira reportou-se ao período após a realização do curso, o chamado “quarto dia”.

O casal procurou apresentar a evolução da sua vida na Igreja e em que medida é que o curso contribuiu para ela. “O que mudou foi que conseguimos apoiar-nos mutuamente, de modo a que o trabalho que fazemos sai mais facilitado e temos mais disponibilidade para nós e para os outros na catequese e nas várias organizações com as quais colaboramos”, explicou Cesariano ao Folha do Domingo.

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“O facto de eu ter feito o Curso de Cristandade levou-me a compreender que faz falta dar tempo à Igreja. Agora, vou com o Cesariano e já conseguimos que o Fábio nos acompanhe”, complementou Noélia, reforçada pelo marido: “No fundo, é darmos tempo ao dono do tempo”.

Outra dimensão destacada na sua intervenção foi a importância da oração na vida de casal. “A oração fortalece a vida em casal. Não é que sejamos um casal diferente dos outros. Não somos exemplo para ninguém porque aquilo que se passa na vida dos outros casais também se passa na nossa. Mas temos a capacidade de ter Cristo presente na oração que fazemos em conjunto. Isso fortalece e acaba por nos permitir ultrapassar as quezílias mais facilmente”, conta Cesariano.

O bispo do Algarve, que presidiu àquela ultreia diocesana, destacou, após o rolho e as ressonâncias que se lhe seguiram, a importância de se viver a vida, inclusivamente ao nível dos casais e das famílias, considerando o outro como “caminho de encontro com Deus” e a fé em Deus como meio encontro com o outro. “Quando deixamos que a nossa vida seja medida pelo amor de Deus, muda tudo. A lógica de Deus é muito diferente da nossa”, afirmou D. Manuel Quintas.

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O prelado explicou na missa paroquial que se seguiu na igreja matriz de Moncarapacho a finalidade de um Curso de Cristandade. “Estas pessoas fizeram esta experiência, descobriram Cristo na sua vida. Estes dias servem para nos abanar e descobrirmos que afinal Ele vai connosco na nossa «barca», está ali tão próximo e nós não sabíamos. Está na Palavra, na Eucaristia, no nosso coração, na vida dos outros, na vida do mundo, caminha connosco, particularmente no meio das tempestades e das dificuldades da vida. E quer contar connosco. Nós precisamos d’Ele e Ele precisa de nós”, afirmou.

A ultreia diocesana contou também a participação dos assistentes espirituais do MCC. O padre Rui Guerreiro, que é simultaneamente o pároco da Fuseta e de Moncarapacho, sublinhou que o movimento “foi algo importante que aconteceu na vida das duas paróquias” e que tem contribuído para a sua “renovação”. “Alargámos o número de visitantes aos doentes, temos mais ministros extraordinários da comunhão e aumentámos o número de catequistas”, testemunhou.

O padre Joaquim Nunes destacou a felicidade que é comum aos casais que realizam um Curso de Cristandade. “Uma felicidade que vem de estarmos bem com Deus, com os outros e com tudo o que está à nossa volta. É a felicidade do amor”, sustentou, lembrando as três expressões que o papa Francisco tem aconselhado, sobretudo, às famílias e aos casais: “desculpa, com licença e obrigado”.

Após a indicação dos cursos para o próximo ano dada por Isilda Delfino, Vitor Baltazar, membro também da equipa diocesana do MCC, deixou um apelo ao renovamento do movimento. “Se forem convidados para a escola, aceitem de mãos abertas para podermos renovar o nosso movimento”, pediu.

O MCC celebrou o ano passado o 50º aniversário do primeiro cursilho realizado no Algarve. O primeiro cursilho em Portugal realizou-se em 29 de novembro de 1960 e no Algarve ocorreu a 18 de março de 1964, sendo destinado a homens, ao qual se seguiu o primeiro cursilho de senhoras em abril do ano seguinte.