© Samuel Mendonça
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O Movimento dos Focolares promoveu, de sexta-feira até ontem, a Mariápolis Regional no Algarve, um encontro em ambiente familiar para membros do movimento, mas aberto também a outras pessoas que queiram conhecer a sua espiritualidade, e que visa, sobretudo, desafiar os participantes a pôr em prática o evangelho.

“O evangelho não pode ser só uma coisa para ler. O evangelho existe para se pôr em prática”, afirmou Graça Couto, responsável do Movimento dos Focolares, a Folha do Domingo, explicando que a iniciativa que teve lugar no Centro Pastoral e Social da Diocese do Algarve, em Ferragudo, já não se realizava no Algarve há mais de 20 anos.

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O encontro, participado por cerca de 80 pessoas ao longo dos últimos três dias (incluindo alguns representantes de outras zonas do país), foi marcado pela escolha diária de uma frase do evangelho que serviu de mote à reflexão e à prática. “Ao fim do dia, fazemos uma partilha das experiências porque percebemos que é nesta comunhão de experiências que mantemos esta «chama» acesa para continuar a amar no dia-a-dia, quando formos para as nossas casas e trabalhos”, explicava Graça Couto a Folha do Domingo.

O sábado foi ainda dedicado à “Arte de amar”, com particular destaque para o “amor em família”, e, no domingo, os participantes refletiram sobre “A Fraternidade hoje”. Miguel Panão constatou que Fraternidade foi o termo, dos três resultantes da revolução francesa, menos utilizado ao longo destes anos. A propósito da resposta à crise (e às várias crises) questionou se o mundo precisa de inovação para defender que o mundo precisa de novidade.

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Neste sentido, precisou que a sociedade contemporânea precisa do “dinamismo da fraternidade”. “Da fraternidade, apesar de tudo, as pessoas ouvem falar, mas o dinamismo de fraternidade é aquilo que constrói a fraternidade”, especificou, apontando que alguns aspetos desse dinamismo têm a ver com se ser capaz de “olhar o outro com olhos novos” ou o desapego às próprias ideias para conseguir acolher as ideias do outro. Por outro lado, considerou que “o dinamismo da fraternidade vive do paradoxo” e apontou mesmo alguns exemplos.

A Mariápolis destacou ainda o United World Project (Projeto Mundo Unido), um projeto idealizado há dois anos pelos Jovens por um Mundo Unido, ligados ao movimento, que levará à constituição de um observatório internacional permanente que visa aprofundar a cultura da fraternidade, aberto à colaboração de todos os grupos juvenis e redes internacionais, pertencentes a outras culturas e credos religiosos.

Para além dos momentos de formação e reflexão, o encontro contou ainda com momentos lúdicos, como jogos ao ar livre ou passeios, ou momentos culturais, como uma visita ao Museu de Portimão ou alguns espaços dedicados à música.

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A Mariápolis do Movimento dos Focolares surgiu quando a sua fundadora, a italiana Chiara Lubich, com algumas amigas, revolveram retirar-se alguns dias para as montanhas para um período de descanso após o fim de II Guerra Mundial, durante a qual não tinham tido mãos a medir no auxílio aos pobres e órfãos. Esse período de descanso transformou-se numa Mariápolis, nascendo como um habitual momento de férias e outras pessoas que se sentiam atraídos por aquele estilo de vida começaram a querer participar dele, alastrando-se as Mariápolis ao mundo inteiro.

Anualmente a Mariápolis acontece a nível nacional ou regional e, este ano, haverá ainda uma a nível nacional que irá realizar-se em Aveiro.

O Movimento do Focolares chegou ao Algarve há cerca de 30 anos e conta, atualmente, com cerca de 70 membros ativos.