D. António Barbosa Leão, dando continuidade e consolidação à ação pastoral desenvolvida por D. António Mendes Belo, foi o bispo missionário do Algarve, intransigente na defesa da Igreja, mas sempre com capacidade de compreensão e de indulgência.

Folha do Domingo, passados cem anos, recorda este bispo intemerato que lutou pelos direitos dos homens e de Deus, pela liberdade, pela justiça, pela concórdia entre os algarvios, e que combateu o desemprego, a injustiça e a fome . Ao rol das acusações e discursos anticlericais, a Igreja no Algarve vai contrapor com realizações sociais e culturais e deixa de lado o discurso apologético, a verborreia estéril e caceteira dos anticlericais maçónicos e republicanos da última hora.

D. António Barbosa Leão também deu a conhecer o Centro Católico do qual foi um grande obreiro. Num momento exaltado de anticlericalismo, a Diocese participou com candidatos próprios nas eleições por intermédio do Centro Católico. Colaborou e difundiu o Congresso, em 1915, onde se analisou a vida pastoral da Diocese, as dificuldades e soluções mais oportunas para o momento presente.

A República fomentou a nova devoção à “árvore” para substituir ou deslocar as festas religiosas. As paróquias agarraram a ideia e a “Árvore de Natal” foi aproveitada nas festas das crianças e nos bodos aos pobres e, em breve, foi absorvida pela Igreja. Era ornamentada com luzes, gulodices, roupas, fruta e era um encanto para as crianças da catequese e para os pobres. Em 1916 a “Árvore de Natal” estava já difundida não só nas cidades e vilas mas também nas mais humildes paróquias do interior algarvio.

D. António Barbosa Leão procurou dinamizar a Igreja do Algarve. Entrou em contacto com vários bispos e aproveitou várias iniciativas que vieram do Brasil, França, Alemanha e Espanha e que implementou no Algarve. O projecto de restauração católica, com a ajuda de outras dioceses, deu uma nova vida à Diocese. Manteve a pureza da doutrina, a observância da disciplina eclesiástica e a vida sacramental.

Por outro lado, no cadinho da análise, verifica-se que o clero deu mais incremento às devoções, rituais e procissões imponentes do que ao anúncio do Evangelho, apesar de toda a dinâmica do Bispo. Porém, o jornal diocesano, Folha do Domingo, para além da denúncia dos atropelos republicanos e da divulgação das actividades paroquiais, cumpriu a sua missão. Evangelizou.

A 28.08.1919 tomou posse da Diocese do Porto e foi nomeado Governador da Diocese de Faro o Cónego Marcelino António Maria Franco (O Debate, n.º 73, 29.08.1919; Folha do Domingo, n.º 280; de 31.09.1919).

O jornal Novidades (22.06.1927) aquando da sua morte anotou: «Cae na arena um lutador com marca de gigante. Perde Portugal um dos seus maiores Prelados de todos os tempos. Sobe ao seio de Deus um dos mais gentis espíritos de sacerdote e de português».

(AHDA Chancelaria, Bispos, cx. «D. António Barbosa Leão»;Copiador, n.º 4, fol. 125v;Folha do Domingo, n.º 280, de 27.08.1919; 750, de 30.06.1929; n.º 753, de 21.07.1929; n.º 2371, de 16.10.1960; A Ordem, n.º 13, de 16.02.2916); O Sul, nº 31, de 20.10.1912; A União, Junho 1929, n.º 216, pp. 11-12; O Ocidente, vol. XXIX, p. 193, com fotografia; Portugal em África, vol. XIII-XIX, com fotografia)