
O bispo do Algarve presidiu esta manhã, na igreja da Mexilhoeira da Carregação, à missa de exéquias do padre Domingos da Silva Fernandes, de 77 anos, falecido ontem no hospital de Alvor, vítima de doença do foro hepático.

“A progressiva fragilidade na saúde, revelada nestes últimos tempos e, sobretudo, neste último mês, inclusive com internamentos hospitalares, apesar de todos os esforços e cuidados médicos aos mais diversos níveis, constituiu para o padre Domingos um sinal, acolhido à luz da fé, indicativo de que a sua páscoa estava próxima”, começou por afirmar D. Manuel Quintas, desafiando a todos os que encheram a igreja e ainda se aglomeraram no exterior, junto à entrada, a “acolher este sinal de Deus, à luz da fé e da Páscoa de Cristo”. “O testemunho que guardo dele é o modo também como encarou esta doença”, sustentou ainda acerca do padre Domingos Fernandes.

“Eis-nos, assim, caríssimos irmãos, reunidos em eucaristia exequial, para rezarmos por aquele que tantas vezes aqui rezou por vós e convosco, indicando-vos com a sua palavra, e sobretudo com o seu exemplo, o caminho que conduz a este encontro definitivo com o Pai. Eucaristia que todos queremos seja igualmente de ação de graças pelo dom da sua vida (77 anos), do seu sacerdócio (50 anos), vivido como serviço dedicado à nossa Igreja diocesana, onde chegou cerca de mês e meio após a sua ordenação”, referiu.

Em ano missionário que a Igreja está a viver, D. Manuel Quintas destacou a sua “atitude de deixar a sua terra, os seus familiares, a sua diocese e vir para o Algarve”. “Atitude que traduz uma verdadeira expressão de fraternidade, comunhão eclesial e missionária”, acrescentou.
Durante a celebração, o prelado lembrou o “testemunho de vida” que o falecido deixou “como sacerdote e missionário desde a primeira hora”. “Dele guardamos o testemunho de um sacerdote totalmente dedicado às suas comunidades, por vezes com uma exigência algo desproporcionada, sobretudo para quantos procuravam caminhos fáceis e descomprometidos de participação na vida paroquial e de adesão e sentido de pertença à Igreja”, prosseguiu.

O bispo diocesano considerou que o padre Domingos Fernandes “ficará para sempre ligado” àquela paróquia e àquele vicariato, não obstante ter passado por outras, “nomeadamente por Estômbar, de onde partiu para a edificação destas duas comunidades”. “Empenhou-se profundamente na sua constituição, bem como em dotá-las de estruturas que lhes permitissem crescer numa fé esclarecida, assumida, celebrada e testemunhada. A elas entregou o melhor de si mesmo: a sua energia e juventude, o seu saber, a sua vida como sacerdote dedicado e generoso. Por isso, e por tudo o mais, estamos-lhe profundamente gratos”, afirmou.
O bispo do Algarve não esqueceu ainda a dedicação do sacerdote ao Corpo Nacional de Escutas. “O facto de ter pedido para ser sepultado com o lenço de escuta, diz bem o empenho que pessoalmente sempre manifestou, bem como o apreço que nutria por este movimento e que todos lhe reconhecemos”, observou.

A terminar, D. Manuel Quintas desejou ainda que o “testemunho da sua vida e do seu serviço” à Igreja diocesana “obtenham do Senhor da Messe o dom de novas vocações ao sacerdócio, à vida consagrada e à vida missionária”.

O prelado lembrou ainda que “Deus chamou o senhor padre Domingos também numa data particular”. “Estamos nas vésperas de celebrar a solenidade do Coração de Jesus, um dia há muito instituído pela Igreja como um dia de oração pela santificação dos sacerdotes. Neste dia, sufragando a alma de um sacerdote, queremos agradecer ao Senhor o dom de todos aqueles que acolheram na sua vida o ministério ordenado e queremos, de maneira particular, também rezando pelo padre Domingos, certamente com ele no céu, ter presente todos os nossos sacerdotes”, acrescentou na celebração participada por inúmeros sacerdotes e diáconos da diocese algarvia.

O bispo do Algarve manifestou ainda o seu reconhecimento a todos aqueles que acompanharam o sacerdote “desde que a doença começou a manifestar-se” e a quantos colaboraram com ele. “Era sempre ele que, tantas vezes ao sábado, me telefonava a dizer que nesse domingo estavam garantidas as missas”, recordou, agradecido particularmente ao monsenhor Joaquim Cupertino e ao padre Joaquim Correia que “o aliviaram desse encargo que ele assumia plenamente”. “Recordamos como ele, tantas vezes, veio celebrar praticamente sem poder, mas até ao fim manteve-se firme e, sobretudo, sentia profundamente a sua comunhão com estas duas comunidades cristãs”, acrescentou, agradecendo também “a todos aqueles, leigos empenhados das duas comunidades, que levaram para a frente a vida” daquelas e também a todos os que trabalham no jardim de infância. O bispo diocesano agradeceu “o empenho que colocaram em levar para a frente esta instituição que serve tantas crianças e tantos pais”. “Isso, para mim, também foi um estímulo e muito gratificante observar que a vida continuava, apesar da fragilidade do padre Domingos”, disse.

Por último, D. Manuel Quintas agradeceu ainda ao padre Nuno Coelho, vigário da vigararia de Portimão, à qual pertencem aquelas duas comunidades, por ter estado “sempre disponível para colaborar com o padre Domingos, quer agora, de maneira particular nesta fase mais final da sua doença, em assistir estas comunidades e, particularmente, também em organizar ontem e hoje para que tudo pudesse correr bem”. O bispo diocesano agradeceu-lhe ainda por se ter disponibilizado para acompanhar o falecido à sua terra natal onde ficará sepultado.

O féretro seguirá para Junqueira, Vila do Conde, onde amanhã, pelas 10 horas, será celebrada a missa, presidida por D. Jorge Ortiga, de quem foi colega o falecido. A Câmara de Lagoa disponibilizou um autocarro para quem queira participar no funeral naquela localidade, gentileza pela qual o bispo do Algarve também manifestou o seu reconhecimento.