Desde sempre, a oração tem sido não só importante como necessária para o homem poder chegar à salvação eterna.

Dizem alguns autores espirituais, e com razão, que a oração é tão vital como o respirar… "No diálogo de salvação que Deus iniciou, a oração é o primeiro passo que o homem deve dar". S. Paulo, na carta aos Romanos, apresenta a oração como a ligação com o Senhor que salva.

Este Senhor que salva tomou sempre a iniciativa, foi Ele o primeiro a começar o diálogo no fundo da consciência do homem. Chama-o quando peca, fala a Caim, a Noé… Fala com Abraão naquele dramático diálogo que todos conhecemos… A súplica de Moisés talvez provocante e contestatária quando o povo prevaricou…

Enfim, nos Salmos e nos Profetas encontramos um diálogo contínuo nos ensina a dialogar perfeitamente com Deus e nos faz possível o trato filial com o Pai. E Jesus vai tão longe que até nos ensina a chamar a Deus "Abba" paizinho.

Por tudo isto e à luz destes factos, podemos dizer com Sta, Teresa de Jesus que orar é "tratar assuntos de amizade com Alguém que sabemos que nos ama".

Rezar, será, pois, expor, dialogar, pedir, insistir e argumentar… A própria Sagrada Escritura nos diz que a oração pode ser súplica, grito, contestação, queixa, lamento, cântico, alegria, louvor, agradecimento, admiração e adoração.

Sendo, pois, a oração um diálogo, os assuntos nele tratados devem ser comuns. Assim, não é pedir o que interessa só a nós; é pedir e tratar o que interessa a ambas as partes Deus e a nós.

Quer isto dizer, assuntos do Seu reino que, no fim de contas, também é o nosso.

Por isso, a oração não poderá ser uma espécie de disco gravado, sem alma, sem voz viva e consciente, mas, antes pelo contrário, toda a nossa vida deve estar impregnada de oração ou melhor, deve ser oração como diz Santo Inácio de Loiola…

Mas se toda a nossa vida deve ser uma oração contínua, há ou deve haver momentos especiais de oração, como nas opções fundamentais, por exemplo na escolha da vocação, na escolha do cônjuge e em circunstâncias especiais como nas tentações, nas dificuldades, na alegria, no êxito e no desalento, na aridez e no fracasso. Isto é, a oração, como dissemos acima, não deve ser um sector marginal na vida quotidiana, mas deve impregná-la, em todos os momentos…

É bom também advertir que a nossa oração para ser eficaz tem que obedecer a determinadas exigências, entre as quais uma atitude em que Deus Se nos possa tornar presente.

Atitude de atenção às palavras que pronunciamos; atitude de escuta às palavras que Deus vai pronunciar e que serão ouvidas no fundo da consciência.

Neste caso, convém recordar a atitude quer do centurião que intercede pelo seu servo, quer do publicano que se coloca ao fundo do Templo. E por último confiar plenamente em Deus que sempre nos ouve, embora, muitas vezes, nos conceda não, aquilo que pedimos, mas o que é melhor para nós.

Joaquim Mendes Marques

O autor deste artigo não o escreveu ao abrigo do novo Acordo Ortográfico