Actualmente, ninguém pode negar que o nosso défice não é de alimentos nem de riqueza, mas de justiça e solidariedade.

De facto, numa análise sumária dos recursos do mundo, vemos que apenas vinte por cento dos mais poderosos detêm oitenta por cento da riqueza e os vinte por cento mais pobres dispõe apenas de um vírgula quatro por cento dos mesmos recursos e bens.

Verificamos também que, em consequência da fome, mais de 14 milhões de crianças morrem antes de contarem cinco dias de vida!…

Mais de 830 milhões de pessoas passam fome…

Já há quem afirme que, nos últimos tempos emergiu um novo continente, o "continente da fome" que atinge além de África, Ásia, América Latina também algumas franjas da nossa Europa.

E o que mais nos espanta e chega a ser trágico-caricato é que entre os países em que a fome é maior tenham mais acesso às armas do que ao pão.

Realmente, como é lamentável que os países ditos ricos e tecnicamente avançados ofereçam mais depressa meios para matar a vida do que para a proteger e do que para matar a fome.

Alguém disse, e com razão, que "cada arma que é feita, cada navio de guerra ou submarino que são lançados ao mar e cada míssil que é disparado significam, na prática, um roubo àqueles que têm fome e não têm comida, àqueles que têm frio e não têm agasalho".

De facto, quantos milhões de dólares se têm gasto nas várias guerras que ainda perduram e são um sorvedoiro incalculável de dinheiros que poderiam e deveriam alimentar as populações carenciadas de todo o mundo, mas de um modo muito especial as da África, da Ásia e América Latina!…

É preciso que nasça e se aplique uma nova ordem internacional que garanta mais justiça para os pobres da terra, que, deste modo, inutilize as armas do fanatismo terrorista, alimentado pela miséria e pelo sofrimento da maior parte da humanidade.

E porque tarda o estabelecimento desta nova ordem internacional, o ódio está a vencer o perdão e a razão nos mais diferentes cenários e movimentos que dizem respeito quer aos fundamentalismos, quer à opinião pública da velha Europa e até de todo o ocidente…

Por isso, só quando, de facto, esse imenso e disperso "continente da fome" encontrar saída e solução adequada para o seu problema, só então, disto devemos estar certos, só então, repetimos, a paz será uma realidade duradoira.