A partir do mês de agosto do ano passado deixei de olhar para o turismo somente na ótica do utilizador e comecei a pôr-me na pele dos que vivem desta atividade, tendo em vista o seu contributo para o desenvolvimento desta região.

Desde que passei a ser o Responsável pela Equipa da Pastoral do Turismo da Diocese do Algarve tenho-me esforçado por compreender como funciona a indústria do turismo nas suas várias vertentes. Por isso estou a trabalhar de perto com pessoas ligadas a esse setor comercial há longos anos. Para além disso, de há uns meses a esta parte, por inerência das minhas funções, tenho vindo a contactar com os principais agentes do turismo. Estes e outros aspetos têm me levado a perceber cada vez melhor as diversas problemáticas relacionadas com esta atividade não só comercial, mas também industrial.

O turismo é um dos setores mais importantes da economia portuguesa, representando cerca de 12% do PIB e com idêntico peso no emprego a nível nacional. Nos últimos 10 anos o Turismo foi a indústria que mais cresceu no nosso país. No caso do Algarve estes valores sobem ainda mais, sendo a maior fonte de emprego.

Tendo por base estes e outros dados, ainda mais aprofundados, interrogo-me o porquê de algumas medidas que não facilitam em nada o incremento deste importante setor de atividade.

A eliminação de feriados e a não atribuição de tolerância de ponto aumenta a produtividade do País? Tendo o turismo um tão relevante peso, penso que não.

É certo que nem todos gostam do Carnaval, mas o facto de ele ser festejado com alguma intensidade no Algarve, fazia com que houvesse alguma procura turística do mercado nacional, o que quebrava de algum modo a sazonalidade na região.

É certo que nem todos os portugueses celebram cristamente a Solenidade do " Corpo de Deus", mas este feriado a juntar a outros no mês junho, faz com que muitos procurem os primeiros raios de sol nas nossas praias, promovendo mais emprego (ainda que possivelmente temporário) e comércio na nossa região. Se bem que a prática de golfe não seja um bem essencial à vida humana, o facto de anteriormente ter uma taxa de IVA mais reduzida, fazia com que muitos golfistas, vindos de fora de Portugal, procurassem o Algarve, não só para praticar este desporto, mas também para outras atividades, que faziam movimentar e rentabilizar o comércio nalgumas zonas das nossas cidades.

A rentabilidade do Turismo é essencial para Portugal, sendo a mesma conseguida através duma combinação de fatores que não só o aumento da produtividade, em sentido restrito.

Pe. Miguel Neto