Foram benzidas e inauguradas na passada sexta-feira, na presença da ministra do Trabalho e da Segurança Social, as obras de alteração e ampliação do Lar e Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia de Alcantarilha.


Passaram 12 anos desde a aprovação do projeto com o objetivo de aumentar as respostas sociais, nomeadamente as valências do Lar para 45 utentes, do Centro de Dia para 51 e do Apoio Domiciliário para 50.

O presidente da Comissão Administrativa da Misericórdia lembrou as “muitas dificuldades nos últimos quatro anos para conseguir concluir a obra” com o prazo de construção a ser “largamente ultrapassado”. “De 13 meses passou para 48”, constatou João Palma.
Para além do prazo também o custo da obra sofreu foi maior do que o orçamentado. “De 1,3 milhões de euros para 1,6 milhões. Os demais custos inerentes ao projeto ascenderam a 900 mil euros”, adiantou aquele dirigente.
O projeto foi ainda apoiado no valor de 300 mil euros, em virtude de uma candidatura submetida ao Fundo Rainha D. Leonor (FRDL) da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “Como só tínhamos um capital próprio de 190 mil euros, tivemos de recorrer à banca por três vezes. Numa primeira fase 900 mil euros, mais 100 mil numa segunda fase e mais 200 mil na terceira. Depois recorremos ao Fundo de Socorro Social da Segurança Social no montante de 250 mil euros”, prosseguiu João Palma, acrescentando que a obra foi ainda apoiada pela Câmara de Silves, no valor de 45 mil euros e em todos os arranjos exteriores, por algumas Misericórdias do Algarve, pelo Santuário de Fátima, por empresas de Portimão e por particulares.

O bispo do Algarve, que benzeu as novas instalações, lembrou ser um “sonho acalentado há muito tempo” e lamentou que as instituições algarvia tenham sido “duramente provadas em todas as suas valências, particularmente nos lares nesta longa travessia pandémica que parece não findar”. D. Manuel Quintas referiu-se ao “difícil, longo e penoso processo de reestruturação” daquela instituição.


A ministra do Trabalho e Segurança Social considerou aquela “uma obra concreta do que é o serviço à comunidade através da mobilização de esforços de todos”. Ana Mendes Godinho apresentou o seu “profundo agradecimento a todos os que têm estado na linha da frente ao serviço dos outros”. “Sem vós não tinha sido possível ultrapassar «mares» tão difíceis em que temos «navegado».”, afirmou, destacando o seu “altruísmo”. “Estarem ao serviço dos outros são a obra no terreno das palavras do Papa Francisco”, afirmou a ministra, considerando que o “setor social é uma pareceria virtuosa entre o Estado e a sociedade civil” “para servir melhor as populações”.
A governante acrescentou que este serviço “é feito tanto melhor quanto melhor é feito pela própria comunidade e sociedade” e destacou a “grande capacidade que o setor social tem de se reinventar permanentemente, de não parar e nunca baixar os braços nos momentos mais difíceis”. “Na base de qualquer recuperação, em primeiro lugar têm de estar as pessoas. Portanto, o investimento social tem de ser o grande investimento que temos de fazer como Europa e como país. Quando estamos a procurar reconhecer esta inclusão de todos não estamos a fazer mais nada do que devolver às pessoas aquilo que é seu de direito, que é a sua dignidade da condição humana”, afirmou na cerimónia em que também esteve presente a diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Margarida Flores.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, lembrou que a obra resultou de um “projeto conjunto com a União das Misericórdias” e lembrou que o FRDL “pode ser o crescimento e a construção de novas e inovadoras respostas em benefício dos cidadãos”.


A representante da União das Misericórdias Portuguesas, Patrícia Seromenho, destacou que o projeto resultou de “uma caminhada longa que não foi de palavras, mas de ações de uma comunidade onde todos estiveram envolvidos” e a vice-presidente da Câmara de Silves, Luísa Luís, concordou que a obra percorreu “um caminho de persistência com a ajuda de todos”.


A data de fundação da Misericórdia de Alcantarilha é desconhecida, mas o que se conhece é a data de construção da igreja no ano de 1586. “Ao lado tinha uma pequena unidade hospitalar que a partir do ano de 1716 foi muito ativa durante vários séculos no apoio aos pobres, abandonados e peregrinos”, contou o presidente da Comissão Administrativa.


Durante os anos de realização das obras agora inauguradas, os idosos, utentes daquela instituição, foram acolhidos no Centro Pastoral e Social da Diocese do Algarve em Ferragudo.



