
A igreja Matriz de Lagoa acolheu, no passado sábado, um grupo de cerca de 50 cristãos, membros das Igrejas Católica, Anglicana e Luterana do Algarve. O objectivo era orar pela unidade de todos os cristãos, no início da semana (de18 a 25 de janeiro) que assinala, em todo o mundo, um tempo próprio de reflexão sobre esta questão.
O bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas, representou a Igreja Católica, tendo a seu lado o reverendo Bob Bates, capelão da Igreja Anglicana e o pastor Hans Uwettuellweg, representante da Igreja Luterana.
Referindo-se ao texto de São Paulo (1Cor. 1, 13) que é o tema central de reflexão proposto para esta semana e no qual o apóstolo questiona a comunidade de Conrinto, perguntando “Estará Cristo dividido?”, o bispo do Algarve salientou a sua capacidade de análise, já que São Paulo reconhece a “presença de dons e de qualidades” numa “comunidade carente de unidade”. “Corinto era um espaço multicultural, diversificado e os cristãos teriam muita dificuldade em integrar a vida dessa comunidade e a riqueza que cada um levava para ela, mas essas características devem, antes, fortalecer a unidade”, afirmou D. Manuel Quintas Ainda que se vivessem dificuldades, era possível encontrar esses dons de Deus, pois eles “eram fruto da fidelidade e da firmeza da fé”, a fé em Cristo, o mesmo Cristo que, segundo o prelado algarvio, juntamente com “o batismo e a cruz”, deverá ser “a nossa força e fonte de fidelidade no anúncio do Evangelho, inspirando o nosso caminho, um caminho que queremos percorrer juntos, com todos os cristãos, seguindo os apelos do Papa Francisco, que deseja uma aproximação verdadeira no diálogo e na proximidade”.
D. Manuel Quintas fez votos, ainda, de que “esta semana nos sensibilize a orar pela unidade, que ė cada vez mais uma urgência para todos os que acreditam em Cristo”.
Bob Bates, na sua reflexão, apontou a necessidade de olharmos “para lá das nossas várias características”, bem como de “olhar para os que são humildes e pobres, para podermos chegar aos outros, pois ser humilde e pobre requer coragem”. Tendo citado o Papa Francisco por diversas vezes, o pastor anglicano salientou o facto de sermos “todos discípulos do mesmo Cristo, todos batizados pelo mesmo espírito, o espírito no qual o próprio Cristo foi batizado e que nos une na diversidade”.
“O poder da cruz contribui para a nossa união”, afirmou Hans Uwettuellwe, pastor luterano. “Refletimos a luz de Deus”, salientou e por isso, “juntos na nossa multiplicidade, deveremos agir para que anunciemos as boas notícias da vida, morte e ressurreição de Cristo”, salientou.
A cerimónia decorreu em três línguas: português, inglês e alemão, seguindo um guião internacional, desenvolvido este ano por diversas Igrejas do Canadá. Presente e animando a oração com diversos hinos, esteve o coro da comunidade luterana que se reúne em Carvoeiro, na igreja paroquial católica (a paróquia de Lagoa cede o espaço para que estes cristãos se possam reunir e fazer as suas celebrações). Um grupo de seminaristas do Seminário de São José de Faro também animou as cerimónias.
Relembramos, ainda, que no dia 25 de janeiro, último dia da semana de oração pela Unidade dos Cristãos vai ser assinada em Portugal uma declaração de reconhecimento mútuo do Sacramento do Batismo por representantes da Igreja Católica Romana, da Igreja Lusitana, da Igreja Metodista, da Igreja Presbiteriana e da Igreja Ortodoxa de Constantinopla. D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa representará a Igreja Católica na cerimónia, que vai ter lugar na Catedral Lusitana de São Paulo, em Lisboa.