O padre José Henrique Pedrosa exortou os catequistas algarvios a fazerem com os adolescentes uma catequese “querigmática”, “mistagógica”, “catecumenal”, distanciada do “tipo escolar”, que tenha em vista a “construção de um projeto pessoal de vida e de resposta vocacional”, paralelo à caminhada do grupo que, leve à edificação de “uma identidade livre, verdadeira, comprometida, interventiva, no seguimento de Jesus Cristo”.

“É este encontro com Jesus Cristo que nós somos convidados a ir procurando proporcionar na catequese com os adolescentes”, evidenciou o diretor do departamento de educação cristã da Diocese de Leiria-Fátima, que foi o conferencista no Dia Diocesano do Catequista, promovido em Almancil pela Diocese do Algarve no passado sábado, lembrando que “a catequese deve dar oportunidades de viver experiências fortes”, sejam “de oração, de silêncio, de aprofundamento da palavra de Deus, de celebração, de voluntariado, de serviço, de participação comunitária, de intercâmbio com outros grupos” ou “de encontro com testemunhas de fé” porque os adolescentes “precisam também de referências”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O sacerdote, que abordou o tema “Com os adolescentes, uma metodologia catequética projetual, participada e comprometida”, desafiou ainda a “favorecer os tempos fortes da liturgia”. “Que a catequese com os adolescentes possa também ter em si própria a dimensão da celebração e vivência da oração para que possam aprender a rezar de muitas maneiras”, acrescentou no encontro com 228 participantes que decorreu na igreja paroquial de Almancil.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Lembrando que “a adolescência é essencialmente um caminho de crescimento, de construção de identidades, de opções, de busca, de autonomia” e, por isso, também um tempo “de crise”, o padre José Henrique Pedrosa considerou a catequese dos adolescentes como “uma oportunidade única e um dos desafios mais significativos para as comunidades cristãs” e exortou a “olhar para os adolescentes como pessoas com o desejo de encontrar o seu próprio lugar”.

“A adolescência é de facto um tempo em que o grupo assume uma importância singular. Faça-se do grupo de catequese, antes de mais, um grupo de amigos”, pediu, considerando que “se o grupo de catequese for um grupo de referência para os adolescentes” e “eles sentirem que aquele é o grupo deles, está feita metade da catequese”. “Será possível criar consciência de grupo e grupo cristão com um encontro semanal ou quinzenal em estilo mais ou menos escolar e leve?”, interrogou, exortando à implementação de “outros espaços de participação além dos encontros na sala”.

Acerca da valorização das dimensões querigmática, mistagógica e catecumenal, destacou a importância de que a catequese seja expressão de “anúncio do próprio evangelho” e permita “saborear aquilo que são todos os sinais litúrgicos e sacramentais”, que transmita não só “conhecimentos”, mas leve à “inserção na própria comunidade cristã” e a que esta também se possa “envolver”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Neste sentido, apelou a uma “metodologia catequética, projetual e comprometida” e desafiou a uma “caminhada com envolvimento, com uma progressiva intervenção comunitária em que os adolescentes não sejam apenas sujeitos, mas também agentes da própria comunidade cristã”. “Mais do que cursos” ou “percursos a estruturar progressivamente”, advertiu para a vantagem de implicar os adolescentes na “escolha dos projetos, das temáticas, do compromisso a assumir”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O orador, formado em Catequética na Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, destacou também a dimensão vocacional como “essencial” e “à parte daquilo que é todo o papel da catequese” e disse que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica “tem propostas para a primeira infância” que podem ser usadas.