O padre Manuel Queirós afirmou no Encontro Nacional da Catequese que os catequistas instituídos devem ser “aqueles que são reconhecidos publicamente” e “enviados pela Igreja com funções próprias”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“É um ministério que pressupõe o reconhecimento público, o envio explicito e também a responsabilidade de prestar contas”, defendeu aquele sacerdote da Diocese de Vila Real, formado em catequética, que foi o primeiro orador no encontro que teve início esta terça-feira em Ferragudo, no Centro Pastoral da Diocese do Algarve, com a participação de quase 90 responsáveis da catequese de todas as dioceses portuguesas.

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O sacerdote, que abordou o tema “A identidade do catequista no Diretório e no hoje da Evangelização”, disse que “todos os cristãos são catequistas natos” porque é o “dom do batismo” que “capacita a todos” para serem catequistas. “Para que um cristão possa ser chamado a ser catequista é necessário que antes tenha assumido o seu caráter batismal, tenha sido iniciado na vida cristã como discípulo missionário que se conheça participante na missão de Jesus Cristo”, sustentou, explicando haver “um segundo nível a que alguns são chamados por Deus a colaborar porque é um ministério necessário para o crescimento da fé”.

“Portanto, é preciso que a Igreja chame pessoas porque esse ministério é fundamental”, considerou, explicando que “o catequista é testemunha credível a partir da sua relação pessoal com Jesus Cristo porque se prepara, pela oração, pelo estudo e pela participação na vida da comunidade”.

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Referindo-se à identidade do catequista, aquele especialista que trabalhou no novo itinerário nacional para a catequese disse haver “novidades no Diretório”, explicando que “não há catequese sem catequistas com formação”. “O catequista-testemunha é uma novidade”, realçou, referindo-se ao “testemunho pela palavra e pelo exemplo de vida”. “O catequista não catequista uma hora por semana. É todos os dias nas suas relações familiares, no seu convívio, no seu trabalho, na política, na economia ou onde intervém. Ele é presença de Cristo em cada realidade eclesial e no mundo. Assim é que a Igreja se encarna na história”, desenvolveu.

Por outro lado, e referindo-se à corresponsabilidade daqueles educadores com os pastores, aludiu ao “catequista como guardião”. “Não é apenas o bispo ou o padre que devem guardar a fé. Cada batizado tem essa missão. E depois o Espírito Santo dá a cada um carismas, dons espirituais, qualidades”, referiu.

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Sobre o contexto atual da evangelização, o padre Manuel Queirós disse que a “revolução digital redefine a relação com a verdade, o conhecimento e a autoridade” e alertou que “não basta a catequese ou a pastoral usar os meios digitais”. “É necessário proporcionar espaços de experiências de fé autênticas. Isto até pode ser possível alguma coisa pelos meios digitais, mas o problema é depois o acompanhamento. Os meios digitais serão sempre um meio – e são hoje muito importantes – mas o encontro com Cristo celebra-se na comunidade, na liturgia e na caridade do serviço ao próximo”, advertiu.

O sacerdote defendeu ainda que “a proposta de iniciação cristã só poderá ter lugar num contexto de comunidades que tomem consciência de se tornarem elas próprias atores verdadeiros de evangelização”. “Com a catequese que desenvolvemos, baseada na experiência, e, por vezes, até mais só em atividades, perdeu-se aquilo que é essencial: as histórias de vida e o testemunho pessoal. Recuperar isto seria muito importante”, defendeu, referindo-se também à importância de “descentralizar os espaços” de evangelização e de “sair bastante mais das igrejas”.

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O encontro em Ferragudo que decorre até quinta-feira, 04 de abril, conta entre os participantes, para além do anfitrião, bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, com a participação dos bispos D. António Augusto Azevedo, D. António Moiteiro e D. Manuel Felício membros também daquela Comissão Episcopal da Conferência Episcopal Portuguesa, da coordenadora do Departamento Nacional da Catequese, a irmã Arminda Faustino, que é também a coordenadora do Setor da Catequese da Infância e Adolescência da Diocese do Algarve.