O padre Mário de Sousa, sacerdote de 50 anos da Diocese do Algarve, completou 25 de sacerdócio no passado dia 28 de junho.

Para assinalar a efeméride foi celebrada na igreja matriz de Portimão uma eucaristia, presidida pelo aniversariante e concelebrada por cerca de 40 sacerdotes e diáconos da diocese algarvia.

Na homilia, o padre Mário de Sousa comoveu-se quando lembrou o episódio evangélico em que Jesus pergunta a Pedro se o ama. “Isto tocou-me no coração. Emociono-me porque é uma palavra que tenho tido sempre presente em todas as circunstâncias do meu ministério”, explicou. O sacerdote acrescentou, como exemplo, os momentos em que teve de mudar de paróquia, nos quais testemunhou “ouvir Jesus a dizer de novo: «Mário, tu amas-me? Ou ordenaste-te para fazer aquilo que queres?»”.

Foto © Carla Ventura

“É esta a palavra que ecoa no meu ministério ao longo de todos estes anos. E peço ao Senhor, hoje como sempre, (mesmo quando tinha o coração apertado), que não olhe para as minhas misérias, para o meu feitio, para as minhas dificuldades, mas para a vontade que tenho de lhe dizer com a vida toda: «Sim, Senhor, tu sabes que sou teu amigo!»”, afirmou emocionado.

“Ainda falho, ainda caio tantas vezes, mas não quero ser corrupto. Sou pecador, mas um pecador que confia no teu amor e na tua misericórdia. Aqui estou, Senhor, com tudo o que sou e tudo aquilo que tenho. Faz de mim o que entenderes, para que assim como um dia tiveste misericórdia de mim, possas chegar à vida de tantos que perderam a razão de viver”, prosseguiu, lembrando ser esta “a razão de ser do sacerdote”. “E, por isso, o sacramento não se chama sacerdócio. Chama-se presbiterado. Porque a função sacerdotal é apenas um aspeto de uma missão muito mais vasta e bonita que é a de ser sinal de Cristo, o único Pastor da Igreja”, complementou.

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O pároco da paróquia da matriz de Portimão lembrou que a “missão” dos sacerdotes “é cuidar, anunciar, olhar e tocar as misérias humanas e espirituais para que também eles possam, em nome de Jesus, levantar tantos «paralíticos» que não têm força para viver, que perderam o ânimo, a coragem e a esperança”.

O padre Mário de Sousa expressou o seu “louvor e gratidão a Deus por tanta gente” que colocou na sua vida. Recordou a sua paróquia de origem – Vila Real de Santo António –, os seus párocos – o padre Jorge Vicente Passos, falecido, o cónego José Pedro Martins, que o substituiu, e que ali esteve presente, assim como o padre Manuel Oliveira Rodrigues”.

Referiu-se ainda à Associação de São Luís Gonzaga, um grupo de jovens e adolescentes, à qual pertenceu e agradeceu aos bispos do Algarve que conheceu. Primeiro a D. Ernesto Gonçalves Costa, já falecido, que o crismou e o recebeu no Seminário de Faro, e também a D. Manuel Madureira Dias, atual bispo emérito do Algarve, que o ordenou. “Se hoje sou padre foi porque Deus se serviu dele, através de uma homilia num encontro diocesano da juventude em que eu senti que aquela inquietação que vivia tinha a resposta nas palavras daquele bispo, através do qual o Senhor me chamava”, contou. Por último, lembrou D. Manuel Quintas que não pôde estar presente, mas que esteve “unido”.

O aniversariante agradeceu ainda aos Seminários que o formaram e deixou uma “palavra de carinho” ao cónego César Chantre, atual vigário geral da diocese algarvia, que o recebeu no Seminário de Faro. “Ajudou-nos através do seu entusiasmo a entusiasmarmo-nos por Cristo. É alguém que me tem acompanhado ao longo de todo o meu ministério e eu estou-lhe muito grato por isso”, realçou.

Antes de terminar lembrou ainda as paróquias por onde passou – Alcantarilha e Pêra, Sé de Faro e matriz de Portimão –, agradeceu aos colegas sacerdotes, lembrando o falecido cónego monsenhor Sezinando Rosa, como alguém que o marcou no início do ministério, ao casal Ferreira que tomou conta da Casa de Retiros de São Lourenço e à irmã Ressurreição do Carmelo de Faro.

Foto © Carla Ventura

No final da celebração houve ainda intervenções de uma representante do Conselho Pastoral Paroquial, do padre Nelson Rodrigues, em representação dos sacerdotes da Diocese do Algarve que ajudou a formar enquanto reitor do Seminário de Faro. Aquele sacerdote classificou o padre Mário de Sousa como um “homem de Deus, homem de Igreja, homem do povo e para o povo, amigo, conselheiro, um pastor segundo o coração de Jesus”. Nesse sentido, destacou que “o padre Mário que não se busca a si próprio, mas em tudo procura o melhor para o povo de Deus”. Recordou ainda as “preocupações pastorais” e os “contributos nos órgãos diocesanos” ao longo do seu ministério, bem como a “prática da caridade e a atenção ao outro” e o “dom” para “transmitir a Palavra de Deus”.

Foto © Carla Ventura

A presidente da Câmara de Portimão considerou o aniversariante como “humanista” e “próximo de todos”, alguém que “olha para aqueles que mais precisam”. Isilda Gomes agradeceu ainda a preocupação com a recuperação do património por ter “uma sensibilidade acima do normal”. “O padre Mário é uma bênção que Deus nos deu e que Deus deu à Diocese do Algarve”, concluiu Isilda Gomes.

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Já o vigário geral da diocese, em representação do bispo do Algarve e daqueles que contribuíram para o desenvolvimento e crescimento espiritual e académico do padre Mário de Sousa, considerou que o modo como o aniversariante vive o seu ministério eleva todo o presbitério. “Terminas hoje uma etapa e vais iniciar uma segunda. Prepara-te porque não te vão tirar trabalho. Vão dar-te ainda mais”, afirmou o cónego César Chantre.

O padre Mário de Sousa, natural de Vila Real de Santo António, é professor de Novo Testamento no Instituto Superior de Teologia de Évora, diretor do Centro de Estudos e Formação de Leigos do Algarve e presidente Associação Bíblica Portuguesa desde 2017. Em 2020 foi nomeado pela Conferência Episcopal Portuguesa coordenador da sua Comissão da Tradução da Bíblia.

Atualmente pároco na igreja matriz de Portimão, a formação do padre Mário de Sousa foi feita no Instituto Superior de Teologia de Évora, passou pela Universidade Católica de Lisboa, tendo licenciatura em Teologia e em Ciências Bíblicas, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e o doutoramento, em Teologia Bíblica, na Universidade Gregoriana de Roma. É ainda autor de várias publicações.