Acolhido pela paróquia em festa, o novo sacerdote agradeceu a Deus por aquele momento e por celebrar a “eucaristia de ação de graças” com todos. “Quero agradecer como, ao longo destes anos, Deus foi-me dando tanta família e foi-me mostrando que a sua palavra se concretiza, efetivamente, no meio dos homens. Se hoje estou aqui é porque Deus me chamou a ser para Ele e a ser d’Ele”, afirmou.
O novo sacerdote começou por evidenciar que “anunciar o evangelho nos tempos que correm não é tarefa fácil”. “Sobretudo para mim, agora sacerdote, é também um desafio”, acrescentou, valorizando a ação de Deus na sua vida. “Certamente podeis pensar: «O Miguel terminou mais uma etapa. Ele conseguiu!». Não, não foi… Foi Deus que conseguiu. A obra foi d’Ele e, ao longo da minha vida, como Pai bondoso, foi-me ensinando por onde deveria caminhar, tantas vezes marcado pelos espinhos da vida e pela dimensão da incompreensão daquilo que Deus queria para mim”, testemunhou.
Neste sentido, reconheceu estar ali “como profeta” e alertou que “não devemos temer dar a vida pela verdade, apesar do sofrimento que isso possa acarretar e dos problemas que isso possa trazer à nossa vida”. “Não devemos temer ser instrumentos da justiça, da misericórdia e do amor de Deus. Por isso, hoje é-me lançado esse repto que, há tantos anos atrás, começou quando entrei para o Seminário de Faro: reafirmar esse sim que, como noutras vocações, se vai dando diariamente”, afirmou.
O padre Miguel Ângelo, de 31 anos, agradeceu o “dom da existência” e o “dom do sacerdócio” e, aos pais, pelo “dom da vida” e à família pelo apoio. Agradeceu ainda à antiga e atual equipas formadoras do Seminário de Faro, aos seminaristas algarvios e às irmãs vicentinas e a todos os que tornaram possível “este sonho de Deus para o Miguel” e pediu aos muitos padres da diocese presentes (incluindo o padre Vasco Figueirinha, ordenado no mesmo dia) que o acompanhassem na consagração do ministério a Nossa Senhora.
Por fim, deixou o desafio a que outros sigam o seu exemplo. “Quem sabe se tantos jovens que estão por aqui também eles não são chamados hoje a ser tocados no seu coração e a procurar ser profetas do homem novo”, exortou.
No final eucaristia, participada por muitas pessoas de vários pontos do Algarve, o padre David Sequeira, pároco aposentado de Tavira, referiu-se à “«montanha» íngreme e cheia de obstáculos que é necessário «subir» para atingir o sacerdócio, que nem os mais afamados alpinistas conseguiriam atingir”. “Sabendo todo o esforço feito para que o nosso padre Miguel atingisse essa «alta montanha», quero dar graças a Deus por este triunfo”, afirmou.
Também o padre Flávio Martins, atual pároco de Tavira, evidenciou que o dia de ontem se revestiu “para toda a comunidade paroquial de Tavira de grande festa, alegria, e júbilo” e desafiou a “continuar a rezar” para que, daquela comunidade possam sair “outros rapazes generosos e disponíveis” para o sacerdócio. “Que o teu projeto de vida seja o evangelho de Jesus Cristo e que, ao assumir esse projeto, possas ser aquilo que hoje a Igreja proclama: ministro do rosto de Deus que revela a alegria, a bondade e o amor do Senhor”, desejou ao novo sacerdote que continuará a trabalhar nas paróquias matriz e de Nossa Senhora do Amparo, de Portimão.
Samuel Mendonça