O segundo dia da peregrinação jubilar da Diocese do Algarve a Roma (Itália), que está a ser realizada no âmbito do presente Ano Santo da Misericórdia proclamado pelo papa Francisco (dezembro de 2015 a novembro de 2016), foi dedicado à visita à chamada «Roma Cristã».
Pelas 8h horas locais (menos uma hora em Portugal continental), os 90 peregrinos saíram do hotel em dois grupos para visitarem as grandes basílicas papais. As basílicas de São Clemente, São Paulo Extramuros, São João de Latrão e Santa Maria Maior, algumas ligadas este ano também à celebração do Jubileu da Misericórdia, foram hoje os principais monumentos visitados pelos algarvios.
O bispo do Algarve, que preside à peregrinação, destacou estes monumentos – construídas com materiais das antigas construções do antigo Império Romano – como um “testemunho de fé cristã que atravessa os séculos”, que foi herdado pelos cristãos que também fazem questão de o deixar aos vindouros.
Após a oração da manhã, os peregrinos começaram por visitar a basílica de São Clemente, uma típica basílica paleocristã, construída no século XII em dedicação àquele papa por cima de uma igreja do século IV. Seguiu-se a visita à igreja e às catacumbas de São Sebastião, construídas no século III, com 12 quilómetros de extensão onde foram sepultados cerca de 65 mil corpos, tendo acolhido entre outros os cadáveres dos apóstolos Pedro e Paulo, para além do de São Sebastião. No final do percurso, os peregrinos admiraram ainda alguns mausoléus romanos do século II (descobertos em 1922) que também ficam por debaixo do templo dedicado a São Sebastião que foi reformado no século XVII.
Os grupos visitaram de seguida a basílica de São Paulo, onde puderam atravessar a primeira «Porta Santa». Mandada construir por Constantino – primeiro imperador cristão – no ano 315 por cima do túmulo do apóstolo, a basílica foi reconstruída em 1854. Os momentos de oração dos algarvios junto àquela sepultura foram dos mais significativos e emotivos do dia de hoje que prosseguiu, depois do almoço, com a visita à catedral de Roma, a basílica de São João de Latrão, mandada construir também por Constantino no ano 313, tendo sido restaurada no interior em 1650. Ali os peregrinos atravessaram a segunda «Porta Santa».
Depois da visita à basílica visitaram o Santuário da Escada Santa, que, segundo a tradição, foi construído de propósito para guardar a escada utilizada na crucifixão de Cristo, trazida de Jerusalém pela imperatriz romana Santa Helena, mãe de Constantino.
A tarde teve continuidade com a visita à basílica de Santa Maria Maior, construída em 431, onde, segundo a tradição, se guardam mais relíquias da crucifixão trazidas pela mesma imperatriz. Naquele templo, ao qual os peregrinos acederam através da passagem pela terceira «Porta Santa», teve lugar mais um dos pontos altos do dia com a celebração da eucaristia presidida pelo bispo do Algarve.
D. Manuel Quintas exortou à conversão de vida e ao aproveitamento da misericórdia de Deus “que não acaba”. “Podemos passar por todas as «Portas Santas», mas não é isso que nos faz mais santos se não houver uma conversão de coração”, advertiu, lembrando que a passagem pela «Porta Santa» é apenas um “apelo”. “Lembra-te que passar por esta «Porta Santa» deve transformar a tua vida”, concretizou, explicando que essa «porta» é a pessoa de Cristo.
Na celebração, em que teve presente a Igreja diocesana do Algarve com cada uma das suas paróquias, o prelado exortou a perscrutar a vontade de Deus, lembrando que “o importante é a firmeza da fé”. “A fidelidade da fé passa pelo reconhecimento das nossas fragilidades e ao mesmo tempo por acreditar que o amor de Deus é mais forte. Não há celebração do Ano da Misericórdia sem celebrarmos este perdão de Deus”, alertou, acrescentando que o motivo principal da peregrinação foi “ajudar a viver e celebrar este Ano da Misericórdia”.
A terminar, o bispo do Algarve lembrou que para celebrar o presente Ano Santo “como expressão da verdadeira conversão”é necessário realizar uma peregrinação individual ou comunitária a uma das Igrejas onde foi aberta a «Porta Santa», receber o sacramento da Reconciliação, professar a fé (rezar a oração do Credo), rezar pelo papa e pelas suas intenções, assim como pelo bispo diocesano e pela própria diocese. “É isto que queremos fazer nestes dias. Que esta misericórdia de Deus inunde verdadeiramente o nosso coração, nos transforme e possamos regressar renovados com uma alma nova, um espírito novo, uma coragem nova”, concluiu.
A peregrinação jubilar da Diocese do Algarve prolonga-se até ao próximo dia 7 deste mês, sendo que os algarvios visitarão ainda Assis, Pompeia, Viterbo e Monte Cassino e participarão na celebração de canonização de madre Teresa de Calcutá que será realizada no próximo domingo, no Vaticano, no contexto do Jubileu dos Operadores e Voluntários da Misericórdia.
No último dia, os peregrinos participarão na Audiência Papal e, de tarde, na eucaristia na igreja de Santo António dos Portugueses, antes do embarque para regresso a Faro.
Samuel Mendonça, enviado de Folha do Domingo a Roma