
O presidente da Câmara de Faro defendeu na sexta-feira a necessidade de fazer um plano de reconversão do porto comercial da cidade, que está sem movimento devido à suspensão da atividade de uma cimenteira que era o seu único cliente.
Rogério Bacalhau disse à agência Lusa que o porto perdeu o único cliente devido à suspensão de atividade da fábrica da Cimpor em Loulé, motivada pela quebra na procura de cimento por parte de países do norte de África, e considerou que a inexistência de uma atividade que sustente a vertente comercial obriga a repensar o modelo a implementar na zona.
O autarca defende a reconversão da zona que vai desde o porto de Faro até à Horta da Areia e a construção de uma marina que dê ao porto a capacidade de captar embarcações turísticas, no âmbito de um projeto “compaginável com a ria Formosa”, zona húmida classificada como Reserva Natural.
“Neste momento o porto está praticamente sem atividade devido à quebra na atividade do cimento por causa da diminuição das exportações para África. Há que arranjar alternativas para aquela área, que tem de ser reclassificada”, afirmou Rogério Bacalhau, manifestando “grande convicção” numa aposta na vertente marítimo-turística.
O presidente da Câmara de Faro sublinhou que a administração dos portos de Sines e do Algarve, com competências em Faro, deve encontrar uma solução para as 16 pessoas que ainda trabalham no porto e têm cada vez menos trabalho, afirmando que se deve “relançar o projeto da marina de Faro”.
“O porto sempre teve a valência comercial, mas, não tendo atividade, vai ter que se reclassificar a zona. E a criação de uma marina dá outras valências a essa área. Se for possível compatibilizar com a atividade comercial, ótimo. Se não houver possibilidade de compatibilizar por falta de atividades industriais na região, devemos possibilitar uma outra solução para a zona”, acrescentou.
Rogério Bacalhau disse também que já manteve “contactos com investidores que mostraram interesse em apostar numa marina” nessa área.
A Autoridade da Mobilidade e Transportes avançou hoje que o Porto de Faro está sem movimento de carga desde junho devido à suspensão da atividade da fábrica da Cimpor em Loulé.
De acordo com o relatório sobre o mercado portuário, a movimentação de mercadorias no Porto de Faro caiu 45% nos primeiros nove meses deste ano face ao período homólogo, queda que se continuará a agravar até ao final do ano.
Em 09 de junho, a Cimpor anunciou que ia suspender, temporariamente, os contratos de parte dos trabalhadores em funções no centro de produção de Loulé, uma das três fábricas de cimento que operam em Portugal.
A cimenteira justificou esta decisão com base na redução de 50% das vendas de cimento nos últimos cinco anos, que voltou “a apresentar sinais de abrandamento neste 1.º trimestre de 2016”.