O presidente da Câmara de Loulé criticou na quinta-feira a nova versão do contrato de requalificação da Estrada Nacional 125, afirmando que “os algarvios e os agentes económicos foram enganados” ao serem abandonados vários dos troços inicialmente previstos.
O presidente da Estradas de Portugal, Vítor Ramalho, anunciou na segunda-feira os resultados da renegociação do contrato com a concessionária da Estrada Nacional 125 (EN125), que prevê a manutenção das obras no troço entre Vila do Bispo e Olhão e o abandono dos trabalhos na zona entre Olhão e Vila Real de Santo António, situação criticada hoje pelo autarca de Loulé e que o levou a defender o fim das portagens na Via do Infante (A22).
Vítor Aleixo criticou também o facto de “mais de um terço de obra física” que estava no contrato inicial não se manter nesta renegociação e de esta ter sido “alterada profundamente, diminuída e mutilada nos seus propósitos iniciais”, passando a ser, segundo o autarca, uma “obra de cosmética”.
O presidente da câmara algarvia apontou “a travessia da Patã, o tratamento urbano no troço entre Boliqueime e o acesso a Vilamoura, as vias de serviço entre o acesso a Vilamoura e as Quatro Estradas, a ligação entre Boliqueime e à A22 ou a beneficiação da estrada nacional 396 que liga Loulé a Quarteira e que está num avançado estado de degradação”como exemplos de trabalhos que vão ser abandonados só no seu concelho.
“No que diz respeito ao resto do Algarve, do que estava previsto no contrato inicial caem agora o troço entre Olhão e Vila Real de Santo António, bem como as variantes na Luz de Tavira, Odiáxere, Olhão e Guia/Albufeira, esta última que estava já bastante adiantada e que é agora abandonada”, criticou ainda Vítor Aleixo, citado num comunicado da autarquia.
As três obras que serão retomadas são as variantes de São Lourenço, no concelho de Loulé, de Lagos e de Faro, esta última cujos trabalhos chegaram a estar praticamente concluídos mas foram interrompidos em março de 2012 para serem reavaliados pelo Governo, na sequência de alegadas dificuldades financeiras do consórcio responsável pela obra.
Vítor Aleixo disse ainda que “o Estado português vai ter que pagar 929 milhões de euros até 2024, no âmbito desta renegociação, quando supostamente o objetivo era reduzir os custos”, e esse valor é “muito alto, tendo em consideração que muitas obras caem como resultado desta renegociação”.
Os 4,2 milhões de euros para iniciar as obras já em agosto também “não resolvem os problemas estruturais da EN125”, considerou ainda segundo Vítor Aleixo, para quem o anúncio da renegociação do contrato da Parceria Público Privada Algarve Litoral “não é mais do que atirar areia para os olhos dos algarvios, dos agentes económicos e das pessoas em geral”.
“Fazer anúncios destes para calar a opinião pública do Algarve, no mínimo, não é sério. A intervenção que vai ser feita vai ser muito ligeira, nada de acordo com o que estava previsto. A EN125 vai continuar a ser uma estrada com alta sinistralidade onde vamos continuar a assistir diariamente a muitos acidentes e a muitas mortes”, lamentou.